SEMPRE LIVRO –
Grandes livrarias estão falimentares. Se um livro corre perigo, se lhe negam prateleiras e vitrines, ou se suas páginas são fechadas nos malogros de lucros que não satisfazem seus editores, se sua importância perece no aziago das moedas; todos estamos ameaçados em nossos sonhos, em nossa capacidade de ler e de reler o mundo, em sua diversidade, nas imagens da literatura, nas visões da filosofia, nos fatos da história.
Estamos ameaçados de não sermos mais leitores, quase personagens, dispersos nos labirintos das letras e dos enredos das grandes obras; de não mais protagonizarmos a história e o futuro, tampouco nos eternizarmos na imensidade de tantos livros e autores.
Mas, ameaças se enfrentam com atitudes. Salvemos os livros. Não os deixemos nas estatísticas dos negócios sem alma, meros instrumentos na lógica dos mercados e da mais valia.
Resgatemo-os cada um para si, para um amigo, para um parente, faça-o presente, faça-o presença em todos os seus círculos sociais com a consciência de que somos o que eles, os livros, nos permitiram ser ao nos agraciar com histórias antigas ou atuais, que grassaram nossas vidas e o nosso mundo e, agora, mais uma vez, nos ensina que ao resgata-los, estamos resgatando a nos mesmos.
E como nas grandes guerras, apesar da beligerância dos exércitos, a paz foi construída lentamente em atos individuais de resistência, que se uniram e mantiveram acesos, como nos livros, talvez em imagens quixotescas, os ideias de liberdade, como antes, como agora, por todo o sempre.
Que neste Natal presenteie e seja presenteado com livros.