SERIA O PICADO UM NOVO PISTACHE? –

 

Amamos tomar café em padarias. Tem um quê de felicidade começar o dia em uma conversa preguiçosa, às vezes com algum amigo falando amenidades.

Já sei quais minhas padarias preferidas e o que procurar em cada uma delas. Uma rabanada (mesmo longe do Natal), uma banana cozida, um cuscuz temperado, e assim sigo.

Vejo com certo espanto uma placa com o nome PICADO. Como assim? Logo cedo? Não parece comida para o café da manhã, mas logo lembro de meu pai, que nos interiores começa o dia comendo bode, codorna, inhame e coisas “leves” neste estilo. Sou uma principiante na arte de experimentar coisas novas, enquanto ele preza por suas origens.

Neste fim de semana vamos a outra padaria e lá está o inusitado picado. São 8h da manhã! Quem consegue comer isso tão cedo? Confesso que uma vez a cada dez anos tenho vontade de comer picado. Com muito limão e farofa. Nenhuma das vezes que a vontade bateu foi antes do meio-dia…

Começo a refletir sobre as mudanças alimentares nos últimos tempos. O sushi, que virou rotina. O ceviche, que se tornou comum. O carpaccio, que aparece até nos supermercados. E o pistache?

Nem sabia até alguns anos atrás que existia esse tal de pistache! Hoje é pistache no sorvete, sorvete de pistache, nutella de pistache, panetone de pistache, bolo de pistache, roupa cor pistache. Onde viro vejo algo de pistache!

Acabei me encantando pelo pistache.

Será o picado um novo pistache?

Será que daqui a alguns meses teremos pastéis de picado, coxinhas de picado, arroz de picado ou sei lá mais o que os chefs (antigamente, cozinheiros!) consigam inventar?

Não sei…

Sei que ainda não estou preparada para a gourmetização do picado, mas ficarei de olho nesta nova onda gastronômica.

 

 

 

 

Bárbara Seabra – Cirurgiã-dentista, autora de “O diário de uma gordinha” e Escritora

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