O volume de serviços prestados no Brasil cai 0,2% em fevereiro, na comparação com janeiro, cravando o segundo recuo mensal seguido, segundo divulgou nesta terça-feira (12) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Já na comparação com fevereiro do ano passado, o volume de serviços cresceu 7,4%.

Nos dois primeiros meses do ano, a perda acumulada é de 2%, destacou o IBGE, que também revisou o resultado de janeiro para uma uma queda de 1,8%, ante leitura inicial de recuo de 0,1%.

resultado veio pior que o esperado. A mediana das estimativas de 20 consultorias e instituições financeiras ouvidas pelo Valor Data era de alta de 0,7%. O intervalo das projeções ia de avanço de 0,3% a 1,8%.

O resultado de fevereiro é o primeiro após a revisão do método de ajuste sazonal da pesquisa, que ocorre periodicamente.

O setor de serviços é o que possui o maior peso na economia brasileira e foi o principal destaque de recuperação em 2021, impulsionado pelo avanço da vacinação e pela flexibilização das medidas restritivas para conter a disseminação do coronavírus.

Em 12 meses, a alta acumulada no setor passou de 12,2% em janeiro para 13% em fevereiro, mantendo a trajetória ascendente iniciada em fevereiro de 2021, mas ainda se encontra 7% abaixo do ponto mais alto da série da pesquisa, registado em novembro de 2014.

“O setor de serviços mostra uma perda de fôlego nestes dois primeiros meses do ano. Pressões inflacionárias e menor renda disponível são fatores que podem estar impactando”, avaliou Lobo.

O que puxou a queda

Regionalmente, 13 das 27 unidades da federação tiveram retração no volume de serviços em fevereiro na comparação com o mês imediatamente anterior.

Duas das cinco atividades investigadas tiveram retração no mês de fevereiro: serviços de informação e comunicação (-1,2%) e outros serviços (-0,9%), que acumularam, respectivamente, perdas de 4,7% e de 1,3% nos dois primeiros meses de 2022.

Apesar da queda em fevereiro, o segmento de serviços de informação e comunicação segue como o principal destaque da pandemia, em especial os serviços de TI, que se encontram 41,3% acima do patamar de fevereiro de 2020.

Já os serviços prestados às famílias – o mais impactado pela crise da Covid-19 – avançaram 0,1% em fevereiro. Na contramão da média do setor, o segmento ainda se encontra 14,1% abaixo do nível pré-pandemia.

“A atividade ficou muito próxima da estabilidade e praticamente não influenciou no resultado do setor de serviços. Mas é preciso lembrar que houve queda em janeiro, interrompendo uma sequência de nove taxas positivas seguidas,” destacou o gerente da pesquisa.

Já os transportes (2%) e serviços profissionais, administrativos e complementares (1,4%) seguiram mostrando crescimento.

IBGE divulga novo indicador de transportes por tipo de uso

O IBGE divulgou pela primeira vez um indicador de transportes por tipo de uso.

O transporte de passageiros cresceu 1,1% em fevereiro ante janeiro, emplacando a quarta taxa positiva seguida.

Já o transporte de cargas, avançou 2,5%, a sua quinta taxa positiva seguida, o que fez o indicador alcançar o ponto mais alto de sua série. “Esse recorde ocorre na esteira do boom do comércio eletrônico, do escoamento de produtos agrícolas e do deslocamento de insumos e de bens industriais pelos diversos modais de carga: rodoviário, ferroviário, aquaviário e aéreo”, destacou o IBGE.

Atividades turísticas caem 1% em fevereiro

O índice de atividades turísticas registrou retração de 1% em fevereiro, após também ter recuado em janeiro último (-0,4%). Com o resultado, o segmento ainda se encontra 10,9% abaixo do patamar de fevereiro de 2020.

Perspectivas para o ano

A confiança do setor de serviços registrou alta em março, após 4 meses seguidos de quedas, segundo sondagem da Fundação Getulio Vargas (FGV). O patamar de otimismo dos empresários e consumidores, no entanto, continua baixo.

O ritmo de atividade econômica em 2022 segue fraco, prejudicado pela inflação persistente, perda do poder de compra da população, aumento da inadimplência e juros em alta.

Em março, o resultado da inflação veio acima do esperado, com o IPCA atingindo 11,30% em 12 meses, o que colocou em xeque a perspectiva de encerramento do ciclo de aperto monetário em maio, aumentando as apostas de que a taxa básica de juros (Selic) será elevada em 2022 para além de 13% ao ano.

A greve dos funcionários do Banco Central segue atrasando a divulgação de dados como a pesquisa Focus, com as projeções do mercado para inflação, juros, PIB e câmbio. Os analistas já falam em uma inflação acima de 7% no ano. Para o PIB (Produto Interno Bruto), as estimativas são de alta ao redor de 0,50% em 2022.

Fonte: G1

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