O volume do setor de serviços ficou estável em maio (variação zero), na comparação com o mês anterior, segundo divulgou nesta sexta-feira (12) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), reforçando a leitura de fraqueza da economia no 2º trimestre do ano.
Na comparação com maio do ano passado (mês marcado pela greve dos caminhoneiros, que provocou um tombo em diversos setores da economia, incluindo o de serviços), houve alta de 4,8%.
O IBGE revisou os dados do setor de serviços em abril, que teve alta de 0,5%, maior que a divulgada anteriormente, que foi de 0,3%. Também revisou os dados dos meses anteriores: março (de -0,8% para -0,7%, fevereiro (de -0,4% para -0,6%) e de janeiro (de -0,6% para -0,3%).
No acumulado no ano, o setor passou a ter alta de 1,4%. Já em 12 meses, a alta passou de 0,4% em abril para 1,1% em maio de 2019 – melhor resultado desde janeiro de 2015 (1,8%).
“Isso tem a ver com a base de comparação baixa. Essa entrada forte do mês de maio faz com que tenha essa inflexão forte na curva do indicador acumulado em 12 meses”, explicou o gerente da pesquisa, Rodrigo Lobo.
Em termos de patamar, o volume de vendas do setor de serviços segue 11,8% abaixo do recorde alcançado em janeiro de 2014.
“Se a gente leva em consideração esses cinco resultados de 2019 e os compara com dezembro do ano passado, nós temos um setor de serviços operando 1,1% abaixo”, destacou Lobo.
Transportes puxam queda
Das 5 atividades pesquisadas, 4 registraram crescimento na passagem de abril para maio, com destaque para o ramo de serviços de informação e comunicação (1,7%) e serviços prestados às famílias (0,5%). O resultado negativo do mês foi determinado pelo segmento de transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio, que reponde por cerca de 30% de todo o volume de serviços prestados no país, e registrou em maio queda de 0,6% – o 2º recuo mensal seguido.
Segundo o IBGE, o setor de serviços ficou 4,1% abaixo do patamar que operava em dezembro.
Variação do volume de serviços em maio, por atividades:
- Serviços prestados às famílias: 0,5%
- Serviços de alojamento e alimentação: 0,3%
- Outros serviços prestados às famílias: 2%
- Serviços de informação e comunicação: 1,7%
- Serviços de tecnologia da informação e comunicação: 1,9%
- Telecomunicações: 0,1%
- Serviços de tecnologia da informação: 5,4%
- Serviços audiovisuais: -0,1%
- Serviços profissionais, administrativos e complementares: 0,7%
- Serviços técnico-profissionais: -1%
- Serviços administrativos e complementares: 0,6%
- Transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio: -0,6%
- Transporte terrestre: -0,6%
- Transporte aquaviário: 1,9%
- Transporte aéreo: 10,9%
- Armazenagem, serviços auxiliares aos transportes e correio: zero
- Outros serviços: 2,6%
Para o economista-chefe do Banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves, a trajetória do setor de serviços permanece desanimadora. “O volume de serviços acumulado em três meses, ao ser comparado com o trimestre anterior (encerrado em fevereiro), contraiu 0,85%. Este foi o terceiro resultado consecutivo no negativo nesta comparação e indica que o setor deve encerrar o segundo trimestre de 2019 com contração, assim como fez no primeiro”, avaliou.
Economia estagnada e perspectivas
O setor de serviços, que responde por cerca de 70% do PIB (Produto Interno Bruto) acompanhou o desemprenho fraco dos demais setores da economia em maio, após uma queda de 0,2% do PIB no 1º trimestre.
Dados divulgados anteriormente pelo IBGE mostraram que a indústria registrou queda de 0,2% na produção em maio, na comparação com abril, enquanto que as vendas do comércio tiveram queda de 0,1%.
Os economistas das instituições financeiras baixaram na última semana a estimativa de alta do PIB deste ano para 0,82%, segundo a pesquisa Focus do BC. Foi a 19ª queda consecutiva do indicador.
Com a desaceleração da inflação em junho (que recuou para 3,37% em 12 meses) e a economia estagnada têm crescido as apostas de um corte na taxa básica de juros já na próxima reunião do Copom, que acontece no final de julho. Os analistas do mercado financeiro passaram a estimar uma Selic encerrando o ano em 5,50%.
Fonte: G1