O volume de serviços prestados no Brasil avançou 1,1% em julho, na comparação com junho, apontam os dados divulgados nesta terça-feira (14) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Foi a 4ª alta mensal seguida, o que levou o setor a atingir seu maior nível em 5 anos.
Em relação a julho de 2020, o setor registrou alta de 17,8%, a quinta taxa positiva seguida nesta base de comparação. No acumulado no ano, o avanço é de 10,7% e em 12 meses de 2,9%.
O setor de serviços é o que possui o maior peso na economia brasileira. Ele foi o mais atingido pela pandemia, dadas as restrições de funcionamento impostas aos estabelecimentos, sobretudo daqueles com atendimento presencial.
Entre março e maio de 2020, os três primeiros meses da crise sanitária, o setor de serviços acumulou uma perda de 18,6%. Desde junho daquele ano, porém, ele mantém uma trajetória de recuperação.
Segundo o pesquisador, a retomada do setor tem sido favorecida pelo avanço da vacinação e do relaxamento das restrições de funcionamento do setor.
Isso é evidenciado pelo indicador acumulado em 12 meses, que iniciou sua trajetória de recuperação em fevereiro e saltou de 0,4% em junho para 2,9% em julho.
Alta apenas em 2 das 5 grandes atividades
O IBGE destacou que a alta do setor em julho foi sustentada por apenas duas das cinco atividades, em especial, pelos serviços prestados às famílias (3,8%). Já os Serviços profissionais, administrativos e complementares avançaram 0,6% e superaram, pela primeira vez, o patamar pré-pandemia, ficando 0,5% acima de fevereiro de 2020.
Em sentido oposto, houve queda no volume de serviços de informação e comunicação (-0,4%), de transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio (-0,2%) e em outros serviços (-0,5%).
Veja abaixo a variação, na comparação com junho, dos subgrupos de cada grande atividade:
- Serviços prestados às famílias: 3,8%
- Serviços de alojamento e alimentação:4,4%
- Outros serviços prestados às famílias: 0,9%
- Serviços de informação e comunicação: -0,4%
- Serviços de Tecnologia de Informação e Comunicação (TIC): 0,4%
- Telecomunicações: 1,0%
- Serviços de Tecnologia da Informação: 1,2%
- Serviços audiovisuais, de edição e agências de notícias: -11,6%
- Serviços profissionais, administrativos e complementares: 0,6%
- Serviços técnico-profissionais: 4,4%
- Serviços administrativos e complementares: -0,6%
- Transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio: -0,2%
- Transporte terrestre: -0,2%
- Transporte aquaviário: 4,4%
- Transporte aéreo: -7,8%
- Armazenagem, serviços auxiliares aos transportes e correio: -0,2%
- Outros serviços: -0,5%
Serviços prestados às famílias seguem abaixo do patamar pré-Covid
Nos serviços prestados às famílias, o avanço foi puxado pelo desempenho dos segmentos de hotéis, restaurantes, serviços de buffet e parques temáticos, que costumam crescer em julho devido às férias escolares.
Apesar do avanço em julho, serviços prestados às famílias operam 23,2% abaixo do patamar de fevereiro de 2020, segundo o IBGE. Essa é a única das cinco atividades que ainda não superou o nível pré-pandemia.
Alta em 15 das 27 Unidades da Federação
O volume de serviços cresceu em 15 das 27 unidades da federação na passagem de junho para julho. As altas mais relevantes vieram de São Paulo (1,4%), seguido por Rio Grande do Sul (3,4%), Minas Gerais (1,2%), Pernambuco (4,1%) e Paraná (1,5%). Já a principal queda foi registrada no Rio de janeiro (-4,4%).
Atividades turísticas têm 3ª alta seguida
O índice de atividades turísticas subiu 0,5%, na terceira taxa positiva consecutiva. O segmento, entretanto, ainda necessita crescer 32,7% para retornar ao patamar pré-pandemia
Oito das 12 regiões pesquisadas tiveram avanço, com destaque para Pernambuco (9,5%), Santa Catarina (9,4%), Bahia (6,1%) e Rio de Janeiro (2,1%).
Perspectivas
Na semana passada, o IBGE mostrou que as vendas do comércio varejista cresceram 1,2% em julho, na quarta alta mensal seguida.
A retomada do setor de serviços e da economia, entretanto, é desigual, com as atividades de caráter mais presencial sem ainda ter conseguido retomar o pleno funcionamento.
Em um cenário de aumento das incertezas e de piora das expectativas em razão da tensão política, de agravamento da crise hídrica e de inflação de quase dois dígitos no acumulado em 12 meses, o mercado financeiro tem revisado para baixo as projeções para a economia brasileira.
Para o Produto Interno Bruto (PIB), os analistas reduziram a estimativa de alta em 2021, de 5,15% para 5,04%. Para 2022, a projeção de crescimento da economia baixou de 1,93% para 1,72%, segundo a última pesquisa Focus do Banco Central.
Fonte: G1