SILÊNCIOS –

Ao longo da vida descobri alguns tipos de silêncios. O silêncio sereno, que curte a paisagem, as ondas mar. O silêncio incômodo, que guarda mil palavras não ditas e pode tomar proporções avassaladoras. O silêncio que grita, como no Maracanã o nosso 7×1… Acredito que existam outros mil, mas estes me chamam a perceber o mundo.

Estávamos nós jantando no Zeh e chegou uma família de 4 pessoas. Um casal por volta dos 60, a mãe de um deles e uma terceira mulher que não identifiquei a relação. Sentaram-se à mesa atrás de Flavinho, dando-me uma visão constante de seus movimentos. Chamou-me atenção por não haver diálogo entre eles. Um silêncio que de fora diria ser incômodo, pela forma como tentavam se evitar, olhando cada um para um lado.

O garçom chegou e fizeram os pedidos. Os pedidos chegaram e eles comeram. E o silêncio permanecia como uma quinta pessoa, a única confortável naquela mesa, a que unia ou os afastava ainda mais. Entristeci-me ao ver a tristeza que pairava sobre eles.

Pensei em quantos silêncios levo para passear…

 

 

 

Bárbara Seabra – Cirurgiã-dentista, Escritora e Autora do Diário de uma gordinha

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