SIM, AINDA DÁ TEMPO! – Flávia Arruda

SIM, AINDA DÁ TEMPO! – 

Eu acho que estou um pouco enferrujada; tenho feito várias coisas: mudei de casa, me casei, assumi novos desafios profissionais e mergulhei em estudos jurídicos muito específicos. Ou seja, estive um pouco distante desse lugar aqui. Às vezes, eu me sentava diante do computador, esperando produzir algo interessante, mas minha mente vagava por tantos universos distintos que não conseguia me concentrar em um único tema.

Eu precisava garantir que teria alguma coisa para dizer/escrever; fui atingida pela síndrome da página em branco, ou melhor, da tela em branco. Eu considerei desistir e seguir em frente, passar para o próximo capítulo. Quantos de nós já enfrentaram a mesma agonia? Essa pergunta me veio à mente inúmeras vezes. Por onde devo começar? Talvez pelo final, sem se prender a títulos ou temas específicos. Naquele momento, o que importava era superar a inatividade e seguir em frente, mesmo que a jornada começasse pelo final.

O tema era restrito e definido? Não, o que existia eram pensamentos dispersos e repletos de questionamentos, que iam desde coisas triviais até reflexões mais filosóficas.

Todos nós, em algum momento, já nos fizemos essa pergunta, seja por curiosidade, medo, angústia ou esperança. A forma como medimos o tempo, vivemos a vida, enfrentamos as adversidades, aproveitamos as oportunidades, valorizamos as pessoas, expressamos os sentimentos e realizamos os sonhos é crucial. De tal modo transformamos isso em uma crônica do dia a dia.

Alguns dizem que a vida é muito curta para ser desperdiçada com coisas que não nos trazem felicidade. Por isso, tenho aprendido a deixar certos fardos para trás, à beira da estrada. Alguns dizem que a vida é longa demais para ser vivida sem propósito; e é verdade, viver sem um objetivo deve ser entediante. Há quem diga que a vida é uma dádiva que deve ser agradecida todos os dias, amém! Há quem diga que a vida é uma luta que deve ser vencida a qualquer custo, tenho minhas reservas.

Algumas pessoas afirmam que a vida deve ser explorada ao máximo, mas com moderação, eu presumo. Alguns afirmam que a vida é como uma obra de arte, que deve ser moldada com beleza. Então, podemos pintar nossos dias com cores que nos enchem de alegria, daquelas que vibram e nos impulsionam.

Segundo Fernando Pessoa, “A vida é o que fazemos dela. As viagens são os viajantes. O que vemos não é o que vemos, senão o que somos”. Não existe uma fórmula certa para a vida. Para poder escrevê-la. Cada pessoa tem sua forma única de lidar com o tempo que lhe é concedido.

O importante é que cada pessoa dê o seu melhor com os recursos que possui, sem se arrepender das suas ações ou omissões, sem se comparar com os outros, sem se acomodar com o que é fácil, sem se conformar com a injustiça e sem esquecer o que é realmente essencial.

Tentar escrever, mesmo quando só temos uma folha em branco, nos ajuda a ressignificar conceitos e a compreender instantes, em meio ao tumulto da vida, nesse carrossel chamado mundo, onde somos sacudidos todos os dias por terremotos, guerras, frio, preconceitos, injustiças, calor, angústias, epidemias e tantas outras coisas que assolam nosso planeta.

Acho que o mais importante é como tocamos o coração das pessoas, como deixamos nossa marca no mundo, como contribuímos para o bem comum, como somos lembrados pelos que nos amam, como somos inspiração para os que nos seguem, como somos exemplo para os que nos admiram.
A vida está repleta de oportunidades e possibilidades, e nunca é tarde para começar algo novo, escrever uma nova história ou perseguir um sonho. O tempo é um recurso precioso que flui continuamente, dando-nos sempre novas oportunidades para aprender, crescer e evoluir. E que contemos e registremos nossas histórias de alguma forma. Por aqui, vai sob a forma de crônica.

SIM, AINDA DÁ TEMPO!

 

 

 

Flávia Arruda – Pedagoga e escritora, autora do livro As esquinas da minha existência, flaviarruda71@gmail.com

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