SÍNDROME DO PODER ABSOLUTO –

 “O poder tende a corromper e o poder absoluto corrompe absolutamente”, esse foi o pronunciamento mais famoso do escritor, político e historiador Sir John Dalberg-Acton. Acham exagero? Vejam os exemplos da Venezuela e da Bolívia, com Maduro e Evo Morales, e analisemos os últimos governos populistas do Brasil para constatarmos o quão próximo de nós esteve essa síndrome.

A história da humanidade está repleta de exemplos desastrosos decorrentes da concessão de poder absoluto a um único homem. No início da Idade Moderna a maioria das nações europeias teve um estreito relacionamento com o absolutismo.

A principal obra de Nicolau Maquiavel, “O Príncipe”, escrita para responder a um questionamento a respeito da origem e da manutenção do poder, influenciou as monarquias que a utilizaram para a defesa do absolutismo. Henrique VIII foi quem deteve o poder mais absoluto dentre todos os monarcas ingleses; ao passo que Luís XIV, o Rei Sol, foi o maior absolutista na história da França.

A Idade Contemporânea, período compreendido pelo início da Revolução Francesa aos nossos dias, está marcada pelo desenvolvimento do regime capitalista no ocidente e daí, o constitucionalismo moderno. Os Estados Unidos da América são a mais antiga república federativa presidencialista do mundo.

O exemplo desse país serviu de esteio para as novas nações constituídas, quando da libertação do jugo colonialista das grandes potencias da época. Chegamos então a América do Sul com repúblicas presidencialistas na totalidade dos países integrantes do continente.

Mas, nem por isso, a luta pelo direito de controlar a locomoção, o trabalho, a instrução, o pensamento e até a vida e a morte do indivíduo, através do poder absoluto, deixou de existir.

Ainda nos arrepiam as raízes dos cabelos as atrocidades perpetradas pelo totalitarismo nazista, há menos de um século, pondo na mão de um só homem o controle de tudo e de todos, com poder absolutamente absoluto.

Tentativas não faltaram ou ainda estão em curso em busca dessa hegemonia no planeta. Nem a América Latina nem o Brasil, em particular, estão livres da ação de mandatários com a Síndrome do Poder Absoluto – é bom lembrar o peronismo retornando à Argentina.

“O poder tende a corromper…”, afirma o historiador citado no início deste texto. Na democracia a corrupção acontece em doses homeopáticas, e vai se avolumando na medida em que ela não é detectada ou desconsiderada em razão da dimensão do dano causado.

Somente a ação preventiva dos desvios de conduta do candidato a onipotente, onisciente e onipresente, desde o nascedouro, inibirá o crescimento da Síndrome do Poder Absoluto.

Quanto ao mais é repetir Abrahan Lincoln no discurso de Getisburg: “…que esta nação, com a graça de Deus, renasça na liberdade, e que o governo do povo, pelo povo e para o povo jamais desapareça da face da terra”.

 

José Narcelio Marques Sousa – Engenheiro e Escritor

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