SINFONIA DISSONANTE, UM ACORDO IMPERFEITO NAS RELAÇÕES – Flávia Arruda

SINFONIA DISSONANTE, UM ACORDO IMPERFEITO NAS RELAÇÕES –

A vida, em sua melodia complexa, é composta pelas notas individuais de cada ser, nem sempre em perfeita harmonia. Nas relações humanas, essa dissonância se manifesta através das diferenças de opiniões, crenças e valores. Como instrumentos afinados em tons distintos, cada indivíduo imprime sua própria melodia, criando acordes ora vibrantes, ora dissonantes. É nesses compassos desafinados que surgem os desafios da convivência, quando as diferenças se apresentam como notas discordantes na partitura da relação.

Ao invés de buscar a melodia idêntica, penso que a chave para a harmonia reside na capacidade de ajustar os instrumentos, encontrando um acorde comum que respeite as individualidades de cada um. Esse processo exige diálogo sincero, escuta atenta e a disposição para navegar pelas diferenças, transformando a dissonância em um enriquecimento mútuo.

As diferenças, como notas distintas na partitura da relação, continuam a existir. Mas, assim como um maestro habilidoso transforma a dissonância em um acorde enriquecedor, os relacionamentos podem aprender a apreciar as nuances do outro, reconhecendo-as como a riqueza que torna a sinfonia da relação única e especial.

É notório que as relações saudáveis não exigem melodias idênticas e sim a capacidade de harmonizar as diferenças, para assim tentar criar uma sinfonia autêntica e resiliente. Essa sinfonia, capaz de enfrentar os desafios da vida em perfeita sintonia, deve ser construída através do respeito mútuo, da empatia e da busca constante pela compreensão. Bem é o que supomos.

Daí, em meio ao tecido rico e entrelaçado das relações interpessoais, nem sempre encontramos homogeneidade. divergências, diferenças e, por vezes, discrepâncias permeiam esse tecido, exigindo de nós a habilidade de navegar pelas discordancias e lidar com os percalços da convivência, enfim, faz parte, né minha filha!

Estas discrepâncias aparecem de diversas formas, desde divergências em opiniões e crenças até diferenças em estilos de vida e valores pessoais, é que massa que elas existam e sejam vistas, ditas, engajadas e empoderadas. Contudo, essas diferenças, inerentes à natureza humana, podem e devem enriquecer os relacionamentos, trazendo um novo olhar, novas perspectivas e aprendizados. É sobre isso! No entanto, quando se traduzem em sentimentos de repressão e frustração, o que nos resta é cair em campo, buscar um caminho mais leve em que a conversa, o jogo limpo e claro, permeiem os espaços de diálogos, amenizando tais diferenças.

O fato é, mesmo que não existam soluções definitivas para as diferenças, podemos trilhar o universo da conversa sadia, do papo aberto e honesto, criando um campo seguro para que ambas as partes expressem seus sentimentos, pensamentos e perspectivas sem medo de julgamentos ou represálias. Seria esse momento de citar aquele meme que ronda pelas redes sociais: “Expectativa X Realidade”? praticando minha credulidade, acho possível praticar nossa expectativa nas relações cotidianas e obter resultados positivos.

Ouvir atentamente o outro, sem interrupções ou julgamentos, é algo não muito fácil, mas, não acho que seja impossível. Ando por aí, todos os dias, a todo momento, caçando esse tempo de amadurecimento e sabedoria, pois acho ser crucial para alcançar a compreensão mútua, outra coisa que acho deveras importante é demonstrar interesse genuíno no ponto de vista do outro, buscando entender suas motivações e sentimentos. Colocar-se no lugar do outro e tentar compreender suas experiências e valores é, como diz um velho amigo, o expediente mais caro que conheço.

O respeito mútuo, algo difícil? Sim, mas, prefiro apostar no bom senso das pessoas, na educação e principalmente na cortesia das divergências pessoais, sociais e políticas. Entendo que devamos respeitar as diferenças do outro, mesmo quando discordamos. Com isso, tenho que aprender, urgentemente, a evitar ataques pessoais, críticas descontextualizadas ou linguagem inapropriada para certas ocasiões, principalmente quando não temos intenções de magoar ou ser indelicada com o outro, até porque, tudo isso é fundamental para aceitar a individualidade de cada ser pensante e a diversidade em todas as suas matizes, inclusive, isso diz muito sobre a minha própria aceitabilidade para comigo e com os outros.

Aí é que mora o perigo, tendo a certeza de que nem todas as diferenças possam ser resolvidas, e nem devam, elas são essenciais para estimular o pensamento crítico, a reflexão, a reformulação e, em alguns casos, a modificação do nosso ponto de vista, amadurecendo as ideias. É nesse ponto que destaco o perigo, pois, mesmo depois de todas as diferenças e divergências, se não conseguimos rever nossa própria atuação, quais os papeis que estamos desempenhando na sociedade e como devemos nos posicionar, ficam totalmente sem sentido todas essas palavras, jogadas numa folha em branco. Respeito o ponto de vista das pessoas, aprendo e também acho que ensino alguma coisa, ou estarei fadada a viver com a síndrome do impostor.

E por fim, assim como a melodia da vida se transforma constantemente, as relações humanas também exigem ajustes e adaptações constantes. E esses ajustes e adaptações possam acontecer pelo diálogo, pela escuta atenta, pela empatia e pelo respeito mútuo, só assim poderemos transformar a dissonância em harmonia, construindo relações autênticas, resilientes e enriquecedoras. Que possamos ter mais amor, divergências, encontros, discrepâncias, resenhas, resiliência, mar, harmonia, cervejas, tolerância e muito bate papo legal.

 

 

 

 

Flávia Arruda – Pedagoga e escritora, autora dos livros As Esquinas da minha Existência e As Flávias que Habitam em Mim, crônicasflaviaarruda@gmail.com

As opiniões contidas nos artigos são de responsabilidade dos colaboradores
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