Em visitas realizadas recentemente aos Hospitais João Machado, da Polícia Militar e o Regional de João Câmara, o Sindicato dos Médicos do Rio Grande do Norte (Sinmed/RN) constatou que em todos há uma grande disponibilidade de leitos não estão sendo utilizados no combate à Covid-19. A revelação foi feita nesta terça-feira durante reunião virtual com representantes de entidades do setor produtivo do Estado.

Segundo as vistorias do sindicato, o Hospital da Polícia Militar por exemplo, que tem capacidade para 120 leitos, está atuando com apenas 20 direcionados ao coronavírus, sendo 10 leitos de UTI e 10 no semi-intensivo. O João Machado comporta uma média de 100 leitos, mas até agora foram abertos apenas 10 para a Covid-19. E em João Câmara, com uma possiblidade de 50 leitos, também apenas 10 leitos estão ativos para este fim. Para o presidente do Sinmed/RN, faltam vontade política e capacidade gerencial.

“Para o funcionamento de UTIs são necessários existência de leitos, equipamentos, insumos e recursos humanos. O estado já possui boa parte da estrutura física e até respiradores, encaminhados pelo governo federal. Também foram encaminhados pelo executivo nacional cerca 150 milhões de reais para gastos com Covid. Com esse cenário, abrir vagas em UTI depende apenas de eficiência administrativa para organizar equipes e disponibilizar os leitos. O Estado precisa fazer o chamamento dos profissionais e fazer tudo funcionar”, concluiu Geraldo Ferreira.

Além do presidente do Sinmed/RN, também participaram da reunião: Marcelo Queiroz, presidente da Federação do Comércio de bens, Serviços e Turismo do Rio Grande Norte (Fecomércio/RN); José Vieira, presidente da Federação da Agricultura, Pecuária e Pesca do Rio Grande do Norte (Faern); e Amaro Sales, presidente da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Norte (Fiern). Em pauta, o cenário da pandemia no Estado, a rede hospitalar e a flexibilização das medidas de isolamento. A questão central do debate foi a quantidade de leitos ativos que possam atender a demanda dos pacientes nesta retomada das atividades econômicas.

O encontro se deu de forma remota e foi marcado principalmente pela análise do impacto na situação econômica do Rio Grande do Norte, onde a queda de R$ 450 milhões na arrecadação compromete a capacidade do Estado de manter seus compromissos. Também foi discutida a situação das empresas neste período de crise. Estima-se que, em média, 12 mil empresas poderão fechar as portas em todo o RN, resultando em demissão em massa e promovendo um avanço de 11% para 20% no índice de potiguares desempregados.

Sobre a questão da retomada da economia e reabertura do comércio, Geraldo Ferreira entende ser possível e pode ser feita dentro de regras estritas de segurança como uso de máscaras, álcool em gel, distanciamento e limitação do número de pessoas para evitar aglomerações. E disse ainda que “o isolamento, ou a continuidade dele no modelo atual não parece estar surtindo efeitos, já que, apesar do endurecimento das medidas estabelecido pela Governadora, entre os dias 10 e 18 de junho nós vivemos o pico da doença em termos de procura por prontos-socorros e do aumento da necessidade de leitos”, destacou.

Hospitais privados que também enfrentaram dificuldades na última semana, tendo que fechar os seus prontos-socorros em alguns momentos devido à alta demanda, esta semana já sinalizam uma considerável queda no pico.

“Trancar as pessoas em casa neste momento onde o vírus já se encontra disseminado pode conduzir a uma infecção dentro das próprias casas. Flexibilizar o isolamento, com todas as medidas de segurança, proteção aos grupos de risco como idosos e portadores de doenças crônicas, além de todas as medidas higiênicas e de distanciamento, é fundamental para que as estruturas comerciais, industriais e de prestação de serviços possam voltar a funcionar”, acrescentou Geraldo Ferreira.

Para finalizar, o presidente do Sinmed/RN pontuou a necessidade do acompanhamento atento e diário sobre a evolução de casos e pressão sobre o sistema de saúde para que possa ser avaliada a progressão na flexibilização ou até recuos pontuais.

“Não há uma receita pronta que permita dizer que o comércio vai reabrir e que não se possa recuar em algum setor se houver resultados adversos. São movimentos que tem que ser previstos e não representarão erros, mas tentativas de encontrar a forma segura de se alcançar algum grau de retomada econômica”, concluiu.

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