Mais de 8,6 mil pessoas não compareceram dentro do prazo previsto para tomar a segunda dose da vacina contra Covid-19, segundo dados da plataforma RN + Vacina, onde os municípios potiguares cadastram as informações sobre a imunização da população. Todos os casos são relativos à CoronaVac. Após a primeira aplicação, a segunda dose deve ocorrer entre 14 e 28 dias depois.
De acordo com a equipe do Laboratório de Inovação em Saúde (Lais) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), que desenvolveu o sistema, os números levantados nesta segunda-feira (5), a pedido do G1, são de todos os registros já feitos no sistema, contabilizando o intervalo a partir da data informada para a aplicação.
Ou seja, se a pessoa tomou a vacina no dia 1º de março e até esta segunda-feira (5), não tem registro da segunda dose, ela está com 7 dias de atraso.
Por causa do prazo maior, nenhuma pessoa que tomou a vacina de Oxford chegou ao prazo limite para a segunda dose. Havia três casos registrados no sistema, mas a equipe considerou como erro de digitação e afirmou que irá entrar em contato com os municípios para realizar correção.
O laboratório da UFRN ainda reconheceu que os dados podem estar diferentes da realidade, porque alguns municípios demoram para cadastrar as informações, porém há outros que usam a plataforma em tempo real.
Considerando que o sistema registrava 332.257 pessoas vacinadas até a tarde desta segunda (5) no estado, o número representa cerca de 2,6% do total, embora, até agora, cerca de 76 mil tenham tomado a segunda dose.
De todos os 167 municípios potiguares, apenas seis não contavam com nenhuma pessoa “atrasada” para a segunda dose, nesta segunda (5). São eles: São Francisco do Oeste, Parazinho, Riacho da Cruz, Lucrécia, Coronel Ezequiel e Viçosa.
Já entre os que têm mais atrasados estão Natal (3.573), Mossoró (474) e Parnamirim (355), Apodi (224) e Nova Cruz (214).
Por meio de sua assessoria de comunicação, a Secretaria Municipal de Saúde de Natal confirmou que o número de “atrasados” pode não ser preciso, porque os dados não são cadastrados em tempo real e sim por uma equipe de digitadores. Segundo o município, mais de 147 mil doses já foram aplicadas.
Para a professora da UFRN, Janeusa Trindade de Souto, que é doutora em imunologia básica e aplicada e faz parte do comitê científico do estado, os dados oficiais não podem ser considerados confiáveis, porque as prefeituras têm demorado muito para atualizar os cadastros no sistema.
Apesar disso, ela confirma que há casos de pessoas que não puderam ir dentro do prazo e afirma que, quem perdeu a data para tomar a segunda dose precisa ir o quanto antes a um local de vacinação.
“A gente não tem estudo sobre quanto tempo mais, a vacina terá efeito, além dos 28 dias. Quando a gente recebe a primeira dose, o sistema está sendo estimulando, sendo acordado para produzir anticorpos, e as células precisam ser reestimuladas para ficarem acordadas, ou morrem. Pela nossa experiência sobre o sistema imunológico, é possível postergar por uma uma semana, 10 dias no máximo 15 dias, mas isso é esticando a corda, porque depois do prazo do estudo, gente não tem segurança”, considerou.
No caso de quem ficou doente com Covid-19 no período de tomar a segunda dose, por exemplo, ela afirmou que é importante ir ao posto, logo após melhorar. Embora passado o prazo, a própria doença também estimula o sistema.
Fonte: G1RN
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