SKIN CARE –

Engraçado como as conversas se alternam em nossas vidas. Nem faz tanto tempo assim e minha maior preocupação era se devia ou não cortar a franja. Eu tinha treze anos e foi uma escolha, no mínimo, decepcionante para a estética. Meu cabelo é ondulado e peguei um hábito de escovar a franja 134335 vezes por dia, para ela “sentar”. E não conseguia!

Os anos passaram e nunca mais me permiti essa loucura. As conversas agora eram sobre o curso universitário a escolher, a especialidade, o casamento e qual vestido usaria, o mestrado, os filhos e…

Vejo os 50 anos batendo à porta. Como sou uma das mais novas entre as “meninas” da turma, algumas já “cinquentaram” e outras estão por um fio, mas, no grupo de quarentonas, meses ou anos não fazem muita diferença.

A conversa gira em torno de descobrirmos se estamos no caminho certo, se as experiências com os filhos são semelhantes, se as taxas dos exames de sangue estão em ordem, se lembramos de Fulano e como mal o reconhecemos quando o encontramos no shopping e, claro!, skin care.

Nunca fui muito adepta do tal do skin care. Sempre usei hidratante corporal ou protetor solar para uma ida à praia (isso depois dos 15 anos, pois antes era Hipoglós) e só. Entretanto, as amigas começaram a perguntar se eu usava hidratante facial, base com efeito anti-craquelamento e tamponadora de poros (acho que é isso) e primer (com minha formação na Odontologia, só me remeteu ao Sistema Adesivo!). Nada disso fazia parte de minha rotina.

Agora, eles chegaram na minha lista de cuidados. O pior (ou mais engraçado), foi entrarmos em uma loja de maquiagem e perguntarmos sobre os produtos para “pele madura”. Estávamos eu e Meig (uma amiga de quatro décadas) que soltou esta pérola para a vendedora:

Onde estão os produtos para a pele madura?

Depois da gargalhada me dei conta que não estávamos brincando: pele madura é a minha realidade!

Lá veio Alceu Valença em minha mente: Pele macia, é carne de caju!

Passamos pela pele de pêssego, de caju, de não sei mais qual fruta e, enfim, amadurecemos!

Mesmo que as brincadeiras nos permitam momentos infantis, temos a pele para lembrar que o tempo passou…

 

Bárbara Seabra – Cirurgiã-dentista e Escritora

As opiniões contidas nos artigos/crônicas são de responsabilidade dos colaboradores

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