A situação amanheceu mais tranquila nesta segunda-feira (21) no Chile, porém novos protestos estão convocados para acontecer à tarde. O metrô de Santiago voltou a funcionar parcialmente após o toque de recolher que vigorou em várias regiões de 20h de domingo (20) até as 6h desta segunda.
Desde sexta-feira (18), uma onda de protestos violentos deixou 11 mortos e 1.462 detidos.
O metrô, que transporta diariamente quase 3 milhões de pessoas, estava fechado desde sexta-feira (18), depois que 78 estações e trens sofreram ataques durante violentas manifestações que começaram por causa do aumento nas tarifas do metrô. A empresa estatal que administra o sistema avalia que o prejuízo deve chegar a mais de 300 milhões de dólares.
Entenda em cinco pontos os distúrbios no Chile:
- Governo anunciou um aumento de 30 pesos na tarifa do metrô, equivalente a 20 centavos de real;
- Violência aumentou nos protestos a partir de sexta (18), após confronto com a polícia;
- Chile decretou, no sábado (19), estado de emergência por 15 dias e Exército foi às ruas pela 1ª vez desde a ditadura;
- Presidente chileno suspendeu o aumento na tarifa do metrô, mas os protestos continuaram;
- Metrô de Santiago fechou e o aeroporto da capital chilena teve voos suspensos.
Na manhã desta segunda, primeiro dia depois de três jornadas de distúrbios, foram reabertas uma parte das estações da linha 1 do metrô, uma das sete que integram a rede da capital. Para que as pessoas pudessem voltar ao trabalho, 465 ônibus extras foram colocados em circulação.
O general Javier Iturriaga, responsável pelo estado de emergência decretado no país, declarou que houve um “despertar lento, com calma” após o fim do toque de recolher, que vigorou na região metropolitana de Santiago, Valparaíso, Coquimbo, Biobío e Antofagasta.
“Estamos conscientes de que a cidade está retomando suas atividades lentamente e temos todas as forças necessárias para qualquer situação de risco”, afirmou.
‘Estamos em guerra’
O centro de Santiago está cheio de marcas dos protestos: semáforos no chão, ônibus queimados, lojas saqueadas e destroços nas ruas. Quarenta e oito cidades suspenderam as aulas nesta segunda.
O presidente chileno, Sebastián Piñera, disse em um pronunciamento no domingo que esta segunda-feira seria “um dia difícil”.
Porém, nesta segunda-feira, o general Javier Iturriaga negou estar em estado de guerra.
No domingo, o ministro do Interior chileno, Andrés Chadwick, tinha informado que sete pessoas tinham morrido durante dois incêndios: duas pessoas em um supermercado durante a madrugada e outras cinco em uma fábrica na periferia da capital.
“Hoje tivemos mais de 70 atos de grave violência, entre eles, mais de 40 saques”, disse Chadwick em um pronunciamento.
‘Chile acordou’
O balanço da revolta social é sem precedentes desde o retorno da democracia ao Chile, em 1990. Protestos liderados por estudantes contrários a um aumento de tarifa no transporte público começaram duas semanas atrás, porém se tornaram mais violentos na sexta-feira. Piñera reverteu a medida e declarou um estado de emergência.
No entanto, a medida não acalmou os manifestantes, que não têm um líder definido, e continuaram nas ruas com gritos de “basta de abusos” e com o lema “Chile acordou”.
Até o momento, o movimento aparece como uma crítica generalizada a um sistema econômico neoliberal que, por trás do êxito aparente dos índices macroeconômicos, esconde um profundo descontentamento social.
No Chile, o acesso à saúde e à educação é praticamente privado, a desigualdade social é elevada, os valores das pensões estão reduzidos e os preços dos serviços básicos estão em alta, de acordo com a France Presse.
Problemas nos voos
Os protestos afetaram os voos com partida e chegada ao aeroporto internacional da capital chilena. A Latam anunciou o cancelamento de todos os seus voos com origem em Santiago entre as 19h deste domingo e as 10h de segunda, com exceção dos voos LA530, LA704 e LA2364, que se destinam a Nova York, Frankfurt e Lima, respectivamente.
Nesta segunda-feira, voos de Guarulhos, na Grande São Paulo, para Santiago sofreram atrasos e um foi cancelado.
Fonte: G1