O diabo existe. E é muito manhoso. Teólogos já descobriram que uma de suas manhas é fazer crer que ele não existe. Existe sim, tenta e atenta o cristão todos os dias. Até Jesus Cristo ele tentou, quanto mais a nós pobres mortais. Irritado com a fraqueza de São Pedro, tão humana, uma vez Jesus o chamou de Satanás. Mas isso é outra história…
O demônio nos tenta a fim de que possamos cometer pecados capitais, aqueles velhos pecados da transgressão maior da lei divina, os que fazem a danação da alma.
É verdade que hoje o diabo usa, além das suas artes habituais e conhecidas, novos instrumentos, como a sutil e poderosa transmissão de pensamentos, a televisão, a Internet. Enquanto a primeira depende de um receptor adequado, as duas outras são usadas diariamente, com fácil aceitação.
O primeiro dos pecados capitais, o mais antigo, o pecado dos anjos, é a soberba. Por causa dela, o anjo Lúcifer, que quis ser superior a Deus, foi expulso. E olhe que ele era, como o próprio nome diz, portador de luz, era o nome de Vênus para os antigos romanos, o mais brilhante objeto do céu.
Santo Agostinho diz ser a soberba “o desejo destorcido de grandeza”. O que o caracteriza é ser desmesurado, desmedido, presunçoso, arrogante. O soberbo não acredita no espelho. É o vaga-lume querendo ser estrela, é a lagartixa pensando ser jacaré.
Um dia eu cheguei perto. Nomeado Reitor da UFRN, fui recebido em minha cidade. Quando atravessei o Rubicón , leia-se o rio Curimataú, havia banda de música, colégios formados, bandeirinhas, o Colégio das freiras Franciscanas Nossa Senhora do Carmo, onde estudei, foguetões, abraços e sorrisos. José Abílio, dono de oficina à beira da ponte, ouve o foguetório e vai ver o que se passa. Aponta para mim e diz:
– Oxente! Aquilo é Cunha de seu Diógenes.
A frase me restituiu a lucidez. Era o espanto: aquilo se refere à coisa, em Nova Cruz eu era Cunha. E a única importância que eu poderia ter era ser filho de seu Diógenes.
O grande problema da soberba é o seu disfarce. O amor-próprio é coisa muito boa, anda ao lado da auto-confiança, da capacidade de fazer, de ser útil e ser feliz. Quando o amor-próprio enlouquece, tece loas a si mesmo, perde todos os horizontes, aparece a soberbia. Esse pecado leva aos outros pecados, mortais e veniais.
A soberba é um pecado que freqüenta os ricos e os intelectuais. Entretanto, é também pecado de pobre besta e de duvidosos intelectuais. Vi uma mulher na Câmara de Vereadores de Natal, depois de ouvir Dom Eugênio Sales enaltecendo a função legislativa ali praticada, gesticulando, dizer que não votaria em ninguém, que ninguém iria crescer às custas dela. Ela estava esquecida do seu dever de cidadania de escolher os melhores. Sofri também a arrogância de um porteiro de condomínio. Parecia que ele era não só o dono do prédio da portaria, mas de todos os edifícios do condomínio…
Já vi muito funcionário público esquecido do trato urbano, de que ele é um funcionário do povo. Para servir ao povo.
Soberba é orgulho besta, inútil. Às vezes, é um mau costume. É o dono ou dona da casa, não diria com beijinhos de saudação, que nem mesmo cumprimenta a empregada com um aperto de mão. É dar ordem ao garçom com grosseiro ar de superioridade. É não se lembrar sempre que a humildade é uma virtude e que ninguém pode humilhar quem é verdadeiramente humilde.
(*) Diogenes da Cunha Lima é escritor. Autor de “Natal – Uma Nova Biografia”.
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