SOMOS FEITOS DE RETALHOS APENSADOS A NÓS PRÓPRIOS … –
Ao estilo da poeta Cora Coralina (autora Cris Pizziment).
“Sou feita de retalhos. Pedacinhos coloridos de cada vida que passa pela minha e que vou costurando na alma. Nem sempre bonitos, nem sempre felizes, mas me acrescentam e me fazem ser quem eu sou.
Em cada encontro, em cada contato, vou ficando maior… Em cada retalho, uma vida, uma lição, um carinho, uma saudade… Que me tornam mais pessoa, mais humana, mais completa.
E penso que é assim mesmo que a vida se faz: de pedaços de outras gentes que vão se tornando parte da gente também. E a melhor parte é que nunca estaremos prontos, finalizados… Haverá sempre um retalho novo para adicionar à alma.
Portanto, obrigada a cada um de vocês, que fazem parte da minha vida e que me permitem engrandecer minha história com os retalhos deixados em mim. Que eu também possa deixar pedacinhos de mim pelos caminhos e que eles possam ser parte das suas histórias.
E que assim, de retalho em retalho, possamos nos tornar, um dia, um imenso bordado de ‘nós’”.
Texto vem de tecer, como evocou Cora. Neste escrito de humanidades da paulista Cris Pizziment, muitos o associaram com a leitura de Cora Coralina. A lembrar que a sensível autora de Goiás Velho, teve seus escritos sob o encanto de Drummond que em 1983 escreveu-lhe uma carta exaltando a poesia inconfundível.
“Minha querida amiga Cora Coralina: Seu Vintém de Cobre é, para mim, moeda de ouro, e de um ouro que não sofre as oscilações do mercado. É poesia das mais diretas e comunicativas que já tenho lido e amado. Que riqueza de experiência humana, que sensibilidade especial e que lirismo identificado com as fontes da vida! Aninha hoje não nos pertence. É patrimônio de nós todos, que nascemos no Brasil e amamos a poesia (…).”
Cora deixou este mundo em 10 de abril de 1985, aos 96 anos. Em Goiás Velho, acha-se a casa inspiradora, às margens do rio Vermelho, na qual vivia e tornou-se referência turística da cidade. Muitos retalhos da vida de cora se eternizaram no livro de contos Histórias da Casa Velha da Ponte.
Luiz Serra – Professor e escritor