SONHO QUASE REALIZADO –
Amo viajar! Planejar, sonhar, pesquisar lugares, gastronomia, curiosidades. Amo pensar na mala, nos preparativos. Só não gosto muito do avião. Mesmo assim, com o terço na mão, entro naquele imenso meio de transporte suportado por duas longas e finas asas. Com o coração acelerado… Avalio antes se é de hélice, de turbina, e até o tamanho do avião. Aviões pequenos o medo é maior! Prefiro viajar de carro, confesso, mas como fazer viagens longas sobre quatro rodas?
Flavinho sonha em fazer um cruzeiro. Vamos com calma! Digo a ele. No avião fico tensa por três a doze horas, dependendo do destino. Mas… Um navio? Seriam dias! Não consigo me imaginar no meio do oceano, sem ver terra de um lado nem de outro. E a noite? O céu e o mar da mesma cor. Sempre que penso nisso culpo os filmes Titanic e Poseidon. Certeza que foram eles que me colocaram este medo todo.
Continua Flavinho sonhando com o cruzeiro. E eu querendo ser a companheira perfeita. Começo a visualizar aqueles vinte e tantos andares da “cidade flutuante” com teatros, piscinas, restaurantes, salões de jogos, enfim. E enquanto me questiono se poderíamos fazer esse cruzeiro, também penso se teriam coletes salva-vidas para todos e, se, na hora de um sufoco, eu conseguiria chegar a terra firme apenas nadando cachorrinho, único estilo de natação que aprendi.
Enfim, crio coragem e entro numa Agência de Turismo. Sento-me receosa e pergunto se tem opções de cruzeiro de três ou cinco dias no porto. Temos, sim, várias opções. Santos ao Uruguai. Búzios até Salvador. Recife para…
– Você não me entendeu, digo baixinho. Quero um cruzeiro parado, no porto, preso com uma âncora à terra firme. Quero a experiência do cruzeiro, para realizar o sonho de meu esposo e a segurança de estar próxima ao chão firme, tranquilizando-me.
– Não temos isso, lógico.
– Se fosse tão lógico não perguntaria, respondo incomodada.
Saímos de lá com um panfleto e com a viagem programada. Nada de navio. E sim de avião. Simples assim. Isto aconteceu ano passado. Flávio ainda sonha com o cruzeiro e eu ainda penso no navio no porto.
Então, nestes dias, tomávamos café-da-manhã com a TV ligada e surge uma reportagem: “Chineses indo para o aeroporto, entrando nos aviões, só para matar a saudade de viajarem. Sem sair do chão! Check in, malas, cartão de embarque. Mais de 7 mil pessoas inscritas para viverem esta experiência”.
Parece que meu sonho do cruzeiro parado está mais perto de acontecer do que imaginávamos, não?
Aguardando as agências de viagens inovarem na criatividade e realizar nossos sonhos e desejos.
Bárbara Seabra – Cirurgiã-dentista e Professora universitária