SORRIA, VOCÊ ESTÁ SENDO FILMADO! –

O homem cria tecnologias para acrescentar conforto à sua vida. A ciência avança para curar doenças e evitar mortes, aumentando a expectativa de vida. A cultura busca, através de todos os seus troncos, trazer entretenimento e instrução.

Atualmente, encontramos aparelhos que medem a pressão arterial, a temperatura, o nível de açúcar no sangue e nos auxiliam para a detecção dos mais diversos diagnósticos em toda farmácia. Encontramos celulares com câmera fotográfica, filmadoras, rádios, televisões, e-book’s e gravadores em toda esquina. Encontramos tudo isso e não estamos satisfeitos. Encontramos tudo isso e não encontramos privacidade, serenidade e relaxamento.

O fax, a internet e o celular permitem que a maioria dos nossos trabalhos sejam feitos em casa, mas, mesmo assim, passamos mais tempo no escritório. Estes mesmos recursos permitem que nós conversemos com diversas pessoas e tenhamos mais amigos, mas estamos cada vez mais sozinhos. As fronteiras mundiais estão mais próximas e, por isto mesmo, mais afastadas. Não há vantagem em possuir a tecnologia se não podemos dispor dela.

Conversas privadas, relacionamentos e episódios pessoais são jogados na “rede” inescrupulosamente. Namorados brigam e sua vida é exposta a todos a distância de um “clique”. Provas obtidas ilegalmente são divulgadas na televisão e a imparcialidade da opinião pública se esvai junto com a credibilidade da justiça.

Está claro que muito da tecnologia gira a nosso favor, mas quase nada é usado com o objetivo pelo qual foi criado, e toda informação obtida certamente “será usada contra você no tribunal”. Não estou querendo defender ou acusar o uso da tecnologia em nenhum caso específico, não estou orientando as pessoas a conversarem com um detector de metais à mão, nem estimulando um afastamento, maior do que o que já existe, entre os seres humanos, o que eu desejo é apenas que exista bom-senso. Se o que vai ser feito não deve ser visto por ninguém, não faça. Se for “ilegal, imoral ou engorda”, evite, pois nunca se sabe quem estará com uma filmadora, um celular, uma caneta ou um relógio na hora errada, e o Big Brother é aqui e agora.

 

Ana Luíza Rabelo Spenceradvogada ([email protected])

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