SORRIR É O REMÉDIO –
Houve um tempo em que a família brasileira era leitora fiel da revista Seleções – nome da versão brasileira da Reader’s Digest. Criada nos Estados Unidos em 1922 e vendida no Brasil deste fevereiro de 1942 – predominantemente por assinatura -, Seleções sempre apresentou um formato peculiar: menor que um periódico como a VEJA e maior do que um livro de bolso.
A publicação contempla assuntos diversificados incluindo conhecimentos gerais, biografias e literatura com a intenção de educar e estimular a leitura. Deleitavam-me, em particular, as anedotas contidas nas seções “Ossos do ofício”, “Flagrantes da vida real” e “Rir é o melhor remédio”. Piadas que nunca descambavam para o grotesco ou para a vulgaridade.
Remexendo em tralhas esquecidas nas gavetas do tempo, encontrei alguns exemplares antigos da revista. Já desacostumado com a leitura de Seleções eu, movido pelo inconsciente, fui instado a folhear o achado. Talvez, para encontrar resquícios escondidos do meu passado. Pincei delas estas pérolas de humor refinado para relaxarmos, por alguns minutos, da tristeza do confinamento que vivenciamos:
- Um casal tinha quatro filhos homens. Os três mais velhos eram altos, ruivos e de pele clara, enquanto o mais novo tinha cabelo preto, olhos escuros e era baixo. Após uma longa doença, o pai estava em seu leito de morte. Chamou a mulher e perguntou num sussurro: “Querida, antes de eu morrer, seja sincera comigo. Nosso caçula é mesmo meu filho?”. A mulher respondeu carinhosamente: “Juro pelo que há de mais sagrado que ele é seu filho”. Com isso o homem morreu em paz. A mulher fechou-lhe os olhos e murmurou: “Graças a Deus você não perguntou sobre os outros!”
- São Pedro detém um homem às portas do Céu: “Você pregou mentiras demais para entrar aqui” – diz fúnebre. “Tenha dó” – retruca o homem. “Você também foi pescador!”.
- A loura tenta espetar uma azeitona com um palito. Finca daqui, finca dali e nada. Depois de muitas tentativas, ela desiste. Na mesma hora, uma morena pega o palito, e pimba! Espeta a azeitona de primeira. Chateada a loura exclama: “Grande vantagem! A azeitona já estava cansada!”.
- “Como você quebrou a perna, João?” – pergunta-lhe a mãe. “Está vendo aquele buraco ali em frente à casa?” – responde o moleque. “Sim, estou vendo!” – afirma a mãe irritada. “Pois eu não vi…”.
- Andando tranquilamente pela rua, um senhor vê uma mulher passeando com um seio à mostra. Educado, ele se aproxima e diz: “Desculpe-me, mas não pude deixar de notar que a senhora está com um seio para fora da blusa…”. E ela: “Meu Deus! Esqueci a criança no ônibus!”.
- O velho acaba de morrer. O padre encomenda o corpo e se rasga em elogios: “O finado era um excelente cristão, um pai exemplar, um marido fiel…!”. A viúva, então, se vira para um dos filhos e lhe diz ao ouvido: “Vá até o caixão e veja se é mesmo o seu pai que está lá dentro!”.
- Ao chegar em casa, o marido senta-se em frente à TV e diz a mulher: “Rápido, traga a cerveja antes que comece”. Ela faz uma careta de impaciência e leva a cerveja para ele. Quinze minutos depois, ele grita: “Traga outra cerveja. Vai começar a qualquer momento!”. A mulher se enfurece: “Vai ficar a noite toda na frente da televisão bebendo cerveja? Você é o sujeito mais preguiçoso, mais…”. Ele a interrompe com um suspiro, dizendo: “Está vendo? Já começou!”
É minha gente… Sorrir ainda é o melhor remédio!
José Narcelio Marques Sousa – Engenheiro e Escritor