SUFRAGISMO E AFIRMAÇÃO FEMININA –
Testemunhamos manifestações sociais de desapreço a governantes e representantes políticos. As vias de comunicação social são pródigas em cenas de aglomerados humanos reivindicando atenção para o seus quinhões de cidadania, com a maciça presença de mulheres. O que outrora era fato isolado, agora é paisagem comum.
Ao constatar que as mulheres cada vez mais trocam a acomodação dos seus lares, dos seus empregos e dos seus negócios, para bradar nas praças por melhores condições de vida, empunhando o estandarte da ética, deve ser lembrado que essa luta não é de hoje. Ela tem assento em episódios pretéritos, que deram ensejo à solidificação da presença feminina na política. Não somente da exposição na disputa por cargos públicos, mas de uma das formas mais básicas do exercício da cidadania pelo mulherio, que é através do voto.
Entre nós é fácil – até mesmo por ser necessário – ressaltar que a primeira eleitora brasileira Celina Guimarães Viana, de Mossoró, em 1927. Mas seria injusto destacar esse pioneirismo que tanto nos orgulha, sem fazer menção a movimentos de outras partes do planeta, inspiradores das nacionais, que deixaram a apatia para clamar pelo direito de escolher seus dirigentes e seus representantes através do voto.
No final do século dezoito, nações avançados como Inglaterra e Estados Unidos ainda desconheciam o voto feminino. Rebelando-se contra esse estado de coisas, Emmeline Pankhurst, nascida em família liberal da classe média de Manchester, deflagrou uma campanha pelo direito de as mulheres votarem, gênese do que ficou universalmente conhecido como “sufragismo”. Juntamente com o esposo, Richard Pankhurst, fundou a “Liga Para o Sufrágio Feminino” e adiante, com a morte do marido em 1908, participou da criação da WSPU, que se traduz por “União Social e Política das Mulheres”. Amargou a repressão oficial, experimentando cárcere e torturas corporais diversas vezes, sem abdicar dos seus ideais. Faleceu em 1928, deixando como principal legado a redução da idade do voto feminino para 21 anos.
Todas as homenagens para as sufragistas pioneiras e para as atuais militantes políticas brasileiras, mas com reverências também às antecessoras internacionais.
IVAN LIRA DE CARVALHO – Professor e Juiz Federal
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