SUPERPOSIÇÃO –
Recentemente eu parei para refletir sobre uma realidade comum no nosso país, depois que ouvi o diálogo que transcrevo abaixo, no mínimo surrealista, num noticiário de uma televisão local. Isso por causa de um acidente que aconteceu em Ponta Negra, quando um carro perdeu o controle, atropelou duas pessoas e subiu uma calçada.
O repórter que fazia a cobertura para o jornal da TV perguntou a um agente da STTU, comumente conhecido como amarelinho, sobre o ocorrido.
– Qual o estado de saúde das vítimas?
Ele respondeu de pronto:
– Quem pode informar é o Samu
O repórter fez a segunda pergunta.
-Como aconteceu o acidente?
E o amarelinho:
– Quem pode informar é a Polícia de Trânsito
O repórter ainda insistiu com uma terceira pergunta.
– E o que vai acontecer com o carro que subiu a calçada?
A resposta veio em cima da bucha:
– Quem pode responder isso é o Detran
O repórter ainda fez uma terceira pergunta que teve resposta idêntica e evasiva.
Parece piada, mas não é. Esse é um triste e contundente exemplo do que chamo de superposição. Muitos órgãos para cuidar de uma área em que só um resolveria, como no passado. Típico do Brasil e do Rio Grande do Norte de hoje. E que acontece nas mais variadas atividades do serviço público.
O resultado disso é que as coisas demoram a ser solucionadas, por causa do excesso de burocracia que domina a totalidade das áreas do serviço publico brasileiro. O que acarreta o aumento da ineficiência, o aumento brutal dos gastos públicos, e o crescimento alarmante do empreguismo.
Infelizmente nesse pequeno exemplo, que seria cômico se não fosse trágico, dá para se ter uma ideia do que ocorre noutros setores. É o retrato fiel de uma máquina estatal inchada, preguiçosa, que teima em se manter obesa, e que por isso mesmo presta sempre um péssimo serviço ao cidadão.
Até quando vamos nos permitir convier com tanta distorção?
Nelson Freire – Editor do Blog Ponto de Vista