O suspeito de matar o adolescente João Vitor Brito Linhares, de 15 anos, no município de Rio do Fogo, litoral do Norte do Rio Grande do Norte, foi preso nessa segunda-feira (8) por policiais civis da Delegacia de Touros, que investigam o caso.
João Vitor foi foi morto no dia 31 de dezembro com uma facada no peito ao tentar defender o pai em uma briga na praia de Zumbi.
No dia 3 de janeiro, o suspeito de ter cometido o crime se apresentou à Polícia Civil acompanhado de dois advogados, mas permaneceu em silêncio durante todo o depoimento. Ele também não confessou o crime.
Por não existir flagrante naquele momento, o suspeito, que tem 22 anos, não ficou preso.
No dia seguinte, familiares que testemunharam o crime foram ouvidos na Delegacia de Touros pelo delegado responsável pela investigação do caso, Jaime Groff, que solicitou aos advogados do suspeito a presença dele para um novo interrogatório nesta segunda.
Ao chegar na delegacia, ele foi informado sobre o mandado de prisão preventiva expedido pela Justiça do Rio Grande do Norte após pedido da Civil na semana passada.
O delegado Jaime Groff explicou que ele é o único e principal suspeito da morte do adolescente. “Todos os elementos indicam que sim [que o suspeito que cometeu o crime], as testemunhas que presenciaram o fato. Ainda quero ouvir uma ou duas pessoas que estavam presentes na ocasião. Mas há uma tendência muito forte do indiciamento dele”, disse.
A tendência, segundo o delegado, é que ele seja indiciado por homicídio qualificado, por motivo fútil, e com o uso de meio que impossibilitou defesa da vítima.
No novo interrogatório, o suspeito alegou que cometeu o crime por legítima defesa, segundo Groff. “Disse que foi agredido e pegou uma faca para se defender”.
João Vitor defendia o pai quando tomou facada
O adolescente estava na praia de Zumbi para passar o Réveillon com a família, que tem uma casa na região.
Segundo a família de João Vitor, o adolescente viu o pai tomar um soco durante um desentendimento na praia e foi tentar ajudá-lo. Foi neste momento que um homem desferiu a facada no peito do adolescente.
“O João Vitor, que não tinha nada a ver com a história, entrou para defender o pai e acabou levando uma facada”, contou uma parente do adolescente, que preferiu não se identificar.
A briga teria começado por conta de uma discussão entre crianças na beira de uma lagoa, segundo contou a família da vítima. O suspeito fugiu logo após o crime.
A família levou João Vitor às pressas para o Hospital Municipal de Rio do Fogo, mas ele morreu pouco depois de dar entrada na unidade.
Confusão teria começado com discussão entre crianças
Uma prima e uma irmã da vítima brincavam com uma bola quando um menino, que elas não conheciam, pediu para participar. Elas negaram e o menino reagiu com xingamentos.
Logo após, familiares das meninas – entre eles o pai de João Vitor – foram pedir para o menino ter mais respeito e perguntaram sobre o pai dele, que estava dentro da lagoa.
Naquele momento, tudo parecia resolvido, segundo a família de João Vitor, já que o homem que havia saído da lagoa nem estava mais no local.
“A gente já ia voltar pra casa, só que a gente não sabia que o cara que tinha saído da lagoa tinha ido em casa chamar outras pessoas”, contou. “Quando a gente estava indo, uma mulher segurou no meu braço e disse: ‘Vocês estão indo pra onde?’. Ela disse que a gente não ia e que o pai do menino estava vindo”.
Segundo a família de João Vitor, o rapaz que estava na lagoa voltou acompanhado de outros dois homens. “E começaram naquele tom de agressividade. Nisso, o pai do João Vitor disse que não tinha necessidade, que já tinham conversado…Foi quando tudo começou”.
‘Parecia um filme de terror’
O homem a desferir o soco, segundo os parentes de João Vitor, não era o mesmo que saiu da lagoa. Logo após a facada, os familiares da vítima correram para levar João Vitor para o hospital.
“Sabe aquele filme de terror? Só vi todo mundo correndo, as pessoas pegando nas mãos das crianças”, lamentou a parente.
A família disse ainda que o homem que desferiu a facada ficou um tempo no local, mas fugiu antes da chegada da Polícia Militar.
“Ele ainda teve a audácia de ficar com a faca da mão dizendo: ‘É isso mesmo, eu fiz e faço. Mexeu com minha família, eu faço mesmo'”.
Fonte: G1RN