TEMPOS IDOS –
A viola que ponteia
A saudade que campeia
E maltrata meu coração
Me retorna a minha aldeia
De onde nasci e vim
Um tempo nada ruim
Vida completa e cheia
Cheia de amor e ternura
De um viver grandioso
Onde era alegre e sabia
Nada era glamoroso
Uma existência feliz
Hoje, a saudade me diz
Foi um viver precioso
Tomava banho de riacho
Chupava manga madura no pé
Tinha pitanga, siriguela e cajá
E o coco catolé
Montava em burro no osso
Segurando em seu pescoço
Parece difícil, mas não é
Tinha a casa de farinha
Aonde em tantas madrugadas
Via a mandioca transfigurada
Em uma farinha alvinha
Toda medida na cuia
De cinco litros quadrados
Uma porção que existia
Broquei mato na roça
Também encamei lá na Serra
Cavei lerão com enxada
Plantei semente na terra
Xaxei os pés de plantas nascidos
Num tempo nada esquecido
Aonde a saudade nunca se encerra
Hoje na cidade grande
Onde a vida se imola
Acho difícil de viver
Nada daqui me consola
Sou levado para o passado
Um tempo saudoso, amado
Num som de uma viola
Viola que ecoa no tempo
Trazendo saudades imensas
De um viver lúdico e certo
Na escala de recompensas
Aonde era feliz e sabia
Num tempo que existia
Lá, não havia sofrência…
José Alberto Maciel Oliveira – Representante comercial aposentado