TEMPOS SAUDOSOS –

Saudades do carro de boi
Da coivara no roçado
Quando não tinha vento pro fogo
Ele vinha no assobiado
Saudade de plantar maniva
Que se transforma em mandioca
Coisas do meu passado

Saudade de chupar manga rosa
Madura,tirada no pé
Saudades do banho de riacho
Do óleo de dendê, coco catolé
Saudades do cavalo Silver
Ligeiro igual um raio
Saudades da bodega de seu Zezé

Saudades de caminhar na mata
Entre a fauna e a flora
Ver a florada de ipês
O sabor da graviola
Hoje na cidade grande
Vivo exilado de mim
Nada aqui me consola

Tem o barulho infernal
De carros,motos,buzina
A pressa em busca de tudo
Que a nada se destina
A não ser endoidecer o viver
O homem cedo morrer
Nessa selva de latrina

Entra dia e chega noite
Nada aqui me consola
O viver é avexado
Não se escuta uma viola
Na mão de um cantador
Fazendo poema violado
Arte que me consola

Lá no mato de onde vim
As coisa eram mais puras
As comidas todas sadias
Vivíamos sem amarguras
Não existia depressão
Remédio,carecia não
Bastava alfinim e rapadura

Quando o dia amanhecia
O galo já tinha cantado
O leite puro na mesa
O cuscuz já preparado
O café pilado na hora
Adicionava o ovo caipira
Éramos bem alimentados

Quando a noite caía
A estrela iluminava
Conversávamos na calçada
Enquanto o sono esperava
Depois,debaixo das cobertas
Escutavamos o cantar do bacurau
E logo o sono chegava

E assim caíamos no sono
Num tempo rápido,ligeiro
Barulho, só o da noite
E o latido do cachorro perdigueiro
Mamãe passava no quarto
Ver se estávamos bem,dormindo
Daí,rezava e apagava o candeeiro

 

José Alberto Maciel Oliveira – Representante comercial aposentado
As opiniões contidas nos artigos são de responsabilidade dos colaboradores

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