TENHA JUÍZO! –
Costumo me despedir das pessoas com quem tenho, ou gostaria de ter, intimidade ou amizade e daqueles por quem nutro afeto com a seguinte recomendação: “tenha juízo”. Aprendi essa expressão em casa, com minha mãe, e demorei muitos anos para entender a verdadeira mensagem desse conjunto de palavras.
Sempre que alguém sai de casa, independente do destino, pode ser uma festa, um programa religioso ou mesmo a escola, após a despedida geral, minha mãe diz: tenha juízo.
Houve um tempo em que eu me aborrecia e pensava: será que ela não confia no meu discernimento? Ou, quem sabe, acha que sou muito ingênua, uma néscia. O tempo, porém, no exercício de sua melhor função, a de nosso professor, me fez crer que aquela recomendação é maior do que aparenta, é um pedido de cuidado, uma bênção, uma transferência de proteção e energia positiva. Quando desejamos que alguém tenha juízo, desejamos que essa pessoa não passe por situações desagradáveis, não se sinta só ou desprotegida, desejamos que aquela pessoa cuide do pedaço do nosso coração que se encontra dentro dela.
Ter juízo é pensar antes de falar e de agir, é tentar dar o seu melhor, mesmo em situações adversas, é tratar cada momento com a mesma solenidade que trataríamos os nossos últimos momentos, escolher a felicidade, o respeito e o amor ao próximo. Ter juízo é mais do que usar preservativos na hora do sexo, é preservar a si e aos seus com toda energia possível.
Desejar que alguém tenha juízo é querer para o próximo o que se quer para si. É conversar em vez de brigar, é calar para não magoar. Ter juízo é acreditar que algo, maior do que nós jamais seremos, nos olha e nos guarda, sem pedir retorno algum além da fé. Para nós, ter juízo deve ser o equivalente a ter uma boa vida, com bônus e ônus, sem que um seja maior que o outro, cumprindo etapas sem pulá-las e sem atropelar os que estão próximos de nós tentando fazer a própria parte.
É uma atividade tão subjetiva e abstrata quanto é objetiva e concreta. É construir estradas para os outros pelas quais até mesmo o próprio construtor possa percorrê-las sem hesitação.
É deixar o imediatismo, é pensar nas consequências dos pensamentos, ações e omissões. É ouvir muito antes de falar e conhecer todas as versões antes de tomar qualquer posição.
Ter juízo é uma recomendação de amor, feita para resguardar, consolar, proteger e, sobretudo, prevenir. Um alerta sobre avaliar os caminhos e suas consequências. É uma declaração de amor feita por alguém que não quer que pereça o objeto de seu cuidado. Minha mãe (anjo da guarda) ainda me pede para ter juízo, e nunca deixarei de escutá-la, de atendê-la e imitá-la. Mesmo porque coisas boas não se imitam, se aprendem. Por isso, desejo que todos tenham juízo!
Ana Luíza Rabelo Spencer, advogada ([email protected])
Dificilmente leio os artigos de O ponto de Vista, mais esse artigo”Tenha juizo” me chamou atenção, é exatamente isso, cuidado, amor, atenção etc… As palavras que costumo falar quando meus filhos, sobrinhos, enfim as pessoas as quais amo é ” Cuidado na vida” é como estivesse dizendo, Deus te acompanhe. Pra mim é a uma recomendação que não pode faltar.