TÊNIS –
É um esporte que vem despertando interesse no Brasil, nos últimos anos, em crescendo depois de Maria Esther Bueno e Guga, grandes vencedores dos principais torneios europeus, Wimbledon e Roland Garros. Hoje, já começam a surgir novos jogadores com boa perspectiva de bem representarem nosso país. Mas, o que quero é falar um pouco sobre o tênis em Natal.
Sempre tivemos bons jogadores por aqui. Meu pai, que jogava tênis, não foi dos melhores, mas era praticante. Naquela época, as raquetes eram de madeira, pesavam bastante, e todas estrangeiras. Uma das melhores era inglesa, Salenger, que vinha com uma prensa para você usar depois do jogo, evitando que empenasse. Herdei essa raquete e ainda a usei por um tempo, até que surgiram as atuais. Bem mais leves e de fácil manutenção.
Como em todos os esportes que pratiquei, entre os quais futebol e vôlei, fui esforçado, mas sempre medíocre. Meus companheiros me toleravam, por amizade. Não chegava a atrapalhar os times, mas pouco contribuía. O mesmo ocorreu com o tênis.
Comecei a jogar logo depois da segunda guerra. Em Natal, durante esse período e com os americanos por aqui, tivemos um momento áureo, com disputas entres nossos tenistas e os americanos, realizadas nas quadras de saibro do Aeroclube, muito boas e bem conservadas.
Nossos principais jogadores, dos quais me lembro por serem excelentes, eram Sylvio e Fernando Pedrosa, Antônio e Jacob Lamas. Pouco depois, Rossini Azevedo, Nagib e Fuad Salha, Alcides Araújo, Gilson Ramalho, todos meus amigos e com os quais tive a satisfação de jogar. Para sorte, me toleravam.
No auge de Parnamirim, o Aeroclube patrocinou um torneio entre nossos jogadores, Sylvio, Fernando, Antônio e Jacob, e jogadores indicados pelos americanos, realizados no clube e depois repetidos na base americana. Foi uma grande atração, com bastante audiência e isso despertou bastante o interesse da cidade, antes sem muito entusiasmo por esse esporte.
Na realidade, a paixão pelo futebol, seguida pelo apreciação do vôlei, excluía o interesse das pessoas por um esporte que não era popular. Existia até, diria, um certo preconceito, como se o tênis fosse um esporte só de elite. Nesse tempo, isso era palpável, mas com a prática do esporte nos diversos clubes da cidade, esse comportamento desapareceu.
E, para terminar, uma estória. Essa turma toda continuou a jogar sem esmorecimento, apesar da idade ir avançando. Alvamar, amissímo de Sylvio, ficava com ele sempre que ia ao Rio. Ele nunca deixou de jogar e Alvamar o acompanhava ao clube que frequentava. Ficava assistindo o jogo e comentou comigo: quando termina, minha impressão era que, brevemente, Sylvio teria que sair da quadra de padiola.
Dalton Mello de Andrade – Escritor, ex-secretário da Educação do RN, dandrade@dmandrade.com.br
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