Uma ex-aluna da Universidade de Brasília (UnB) fez história ao ter sua tese de doutorado considerada a mais importante para a história da biologia. Thaís Vasconcelos se tornou a primeira latino-americana a ser premiada pela Linnean Society da Inglaterra desde o estabelecimento da premiação em 1888.

Graduada em ciências biológicas e com mestrado em botânica pela UnB, a jovem de 29 anos teve a oportunidade de cursar o doutorado no Reino Unido graças ao programa Ciências Sem Fronteiras.

Reconhecida por uma das mais importantes condecorações do mundo da ciência, a teste de Thaís analisou a história evolutiva das plantas por meio da comparação do material genético de espécies diferentes. Com isso, é possível entender em que período histórico determinado grupo surgiu.

Não se sabe ao certo quando as primeiras plantas surgiram. Há uma divergência entre especialistas, mas acredita-se que elas podem ter aparecido há mais ou menos 470 milhões de anos, no período Ordoviciano. A relevância do trabalho de Thaís é tão grande, pois dá a oportunidade aos cientistas de entenderem as relações de parentesco entre as espécies e as interferências no meio ambiente onde elas vivem.

Ao longo do percurso do doutorado, Thaís debruçou sobre a família Myrtaceae, que engloba plantas como a pitanga e o eucalipto, que sim, são da mesma família. Interessante notar que entre espécies presentes na América do Sul, muitas são originárias de um antigo continente, como Zelândia (atualmente Nova Zelândia) e pasmem, chegaram por aqui há 40 milhões de anos, “por meio da Antártida, quando esta ainda não era coberta por gelo. A gente sabe disso por causa do parentesco entre as plantas daquela região com as daqui e também por causa de fósseis na Antártida e na Patagônia”, conta a pesquisadora ao Correio Braziliense.

Marco para a ciência brasileira, o prêmio serve como combustível para que mais profissionais sigam tocando projetos de pesquisa. Enquanto espera por propostas da Universidade de São Paulo (USP) e Universidade Federal do Paraná (UFPR), Thaís Vasconcelos espera que o incentivo por parte do governo federal seja maior.

Nunca é demais lembrar que o governo de Michel Temer (MDB) foi responsável pelo corte de metade do orçamento destinado ao campo científico.

“É importante mostrar que aqui tem muita gente boa também e que a gente já entenderia muito mais sobre a nossa biodiversidade se houvesse mais incentivos à pesquisa dentro do Brasil. Espero que esse prêmio me dê mais energia para tentar fazer a diferença aqui, porque, às vezes, ir para fora do país parece muito atraente, parece que as coisas serão mais fáceis lá”, lamenta.

 

Fonte: Hypenness.com

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