TIRO O CHAPÉU –
Neste espaço eu evito tecer comentários ou externar posicionamentos políticos para não ferir susceptibilidades de leitores com pensamentos discordantes dos meus. Agindo assim, não perco o leitor nem me aborreço com o comentário desabonador. Hoje, porém, permitam-me fazer uma pequena exceção.
Considero a democracia o melhor regime de governo em vigência no planeta e, o voto, o instrumento adequado para sua preservação. Por outro lado, antevejo o radicalismo político como a pior ferramenta da democracia porque emburrece e embrutece as pessoas.
Em 1977, durante a ditadura, Pelé, o nosso “Rei do Futebol”, em entrevista à Folha de São Paulo, foi infeliz ao declarar o seguinte: “O povo brasileiro ainda não está em condições de votar por falta de prática, por falta de educação e ainda mais porque se vota, em geral, mais por amizade nos candidatos”.
Concordo que minorias ainda votem por amizade a candidatos, agora, isso de o povo não saber nem estar em condições de votar foi a maior das tolices que o nosso “Rei” poderia externar em público. O povo sabe votar, sim. Tanto sabe como reconhece o bom governante pelos resultados positivos de suas administrações.
Em 2007, concederam-me o título de cidadão mossoroense, razão de eu estar sempre atento ao que ocorre no mundo político do segundo colégio eleitoral do estado. Em 2021, fui surpreendido com a vitória de Allyson Leandro Bezerra Silva ao se eleger prefeito de Mossoró não somente pela pouca idade (29 anos), como pelo fato de não pertencer a nenhuma oligarquia ou grupo político tradicional.
Eis que Allyson marcou a sua passagem no comando da cidade e, ao se candidatar novamente, reelegeu-se com 78% dos votos válidos. A que se deve tamanha vitória? Certamente, devido a excelente administração no primeiro mandato e pela vontade do eleitor de dar continuidade ao que está dando certo.
Relação semelhante aplica-se ao prefeito de Natal, Álvaro Dias, que encerrou o seu terceiro mandato no final de 2024. Ele, sem estardalhaço, transformou a nossa capital num verdadeiro canteiro de obras. Antagonistas à sua administração, sem argumentação para invalidar as benfeitorias visíveis a olho nu, comentaram: “Ele nada fez pela Zona Norte!…”
O trabalho de alargamento da faixa de areia da Praia de Ponta Negra, além de providencial, coroou a sua administração pelo bom resultado obtido. Ponta Negra está irreconhecível com a dita engorda. Mas não parou por aí. Natal se transformou num diversificado canteiro de obras e realizações há muito desejado pela população da “Cidade do Sol” ou da “Noiva do Sol” – segundo, Câmara Cascudo.
O candidato apoiado por Álvaro foi eleito decerto, também, alavancado pelo elevado índice de aprovação na gestão do, agora, ex-prefeito. Já quanto ao recém-empossado mandatário municipal, seus apoiadores auguram-lhe uma gestão idêntica ou melhor que a anterior.
De onde se conclui que o povo sabe, sim, votar. Nada de falta de prática ou de educação, tampouco, alta representatividade de votos por amizade ao candidato. O voto é livre, secreto e externa a verdadeira vontade do eleitor, basta haver boas administrações e o reconhecimento virá.
Isso posto, confesso minha admiração pelo trabalho de ambos os prefeitos aqui citados, para os quais “Tiro o Chapéu”.
José Narcelio Marques Sousa – Engenheiro civil