DALTON MELO DE ANDRADE

Dalton Mello de Andrade

            Conheci três figuras que fazem parte da História. Alexander Kerensky, da História da Rússia e Mundial, Andrés Segovia, da História da Espanha e da  Música Clássica e Pedro Vargas, da História do México e da Musica Popular.

            Kerensky conheci numa palestra que fez na Universidade onde fazia meu mestrado, Utah State Unviersity, em Logan, Utah. Foi um dos líderes no combate ao Czarismo e da Revolução de Fevereiro de 1917, mas não pode evitar a de Outubro,  quando Lenine tomou o poder. Para quem não se lembra, ele foi o segundo e último Primeiro Ministro da Rússia, depois da revolução de 1917, que começou democrática e que Lenine transformou na pior e mais assassina ditadura que o mundo já viu e deixou um lastro terrível onde foram adotadas as mesmas idéias. Seis meses depois de ser empossado como ministro, foi defenestrado por Lenine e teve a sorte de refugiar-se nos Estados Unidos.  Escapou de ter o mesmo destino de Trostky, pois o dirigente ainda era Lenine e não Stalin. Nasceu em 1881 e morreu em 1970. Sua palestra foi em 1965, sobre sua vida e a experiência soviética. Tive oportunidade de trocar algumas palavras com ele, após a palestra.

            Segovia, dos maiores violonistas clássicos, escutei em 1975, no Kennedy Center, em Washington. Repertório tradicional, com músicas de Tarrega, Joaquin Rodriguez, e outros. O que me impressionou foi que, com 82 anos (1893/1987), deu-me a sensação de decrépito, andar um tanto trôpego mas que, quando sentou-se e sobraçou o violão, voltou aos vinte anos. Nunca esqueci o concerto.

            Finalmente, Pedro Vargas. Com este, tive oportunidade de bater um bom papo. Isso foi em 1976, e ele tinha 70 anos (1906/1989). Em forma, lembrança excelente das coisas, e uma conversa agradável e divertida. Mas o interessante é como o conheci. O representante do México na comissão da OEA que eu também integrava, CEPCIECC (Comissão Executiva Permanente do Conselho Interamericano de Educação, Ciência e Cultura) era o Adido Cientifico da Embaixada do México, Edmundo de Alba, uma ótima figura. Tornamo-nos amigos e nos freqüentávamos socialmente.  Em um jantar na casa dele encontrei Pedro Vargas. O filho dele, Sérgio Vargas, era o Secretário da Embaixada.

            Puxei conversa. Disse que gostava da musica mexicana, tinha vários discos dele, e assistido uma apresentação que havia feito em minha cidade, Natal, no Brasil. Lembro-me de Natal, ele disse, e meu show foi no prédio de um time de futebol, edifício bonito, que havia sido inaugurado há pouco. Deixe ver se me lembro do nome do clube. Pensou um pouco e perguntou. America? Confirmei. Memória excelente.

            Contou-me que tinha tido uns probleminhas de saúde e fora obrigado a parar de cantar. Nas reuniões familiares, ainda cantava, o que não podia fazer naquele momento pois faltava uma guitarra. Vivia das lembranças, visitando os filhos que estavam espalhados e convivendo com os amigos do passado, e fazendo novos amigos, como eu. Uma figura.

Dalton Mello de Andrade – Ex Secretário de Educação do RN

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