TRÊS NOVOS IMORTAIS

Recentemente, ao me deliciar com as pérolas escritas pelo poeta, Bráulio Bessa, deparei com um texto de sua lavra, já meu conhecido, que faço questão de nunca esquecer: “Recomece! Se refaça! Relembre o que foi bom. e se um dia, lá na frente, a vida der uma ré, recupere sua fé, e recomece novamente.”

Assim é a Academia Alagoana de Letras, com cem anos de existência, período durante o qual ocorreram eventos excelentes, porém, alguns tristes, com especial destaque para o falecimento de seus integrantes, acontecidas através dos tempos, apesar da tão divulgada imortalidade de todos eles.

Estes instantes, de perda e saudade, repetiram-se recentemente com o passamento de três figuras fantásticas, pessoas, que ao contrário da grande maioria dos humanos, não se esforçavam para serem estrelas, porém, souberam tornar-se inesquecíveis.

Foram-se Dirceu Lindoso, Francisco Sales e Margarida de Mesquita, ocupantes respectivamente, das cadeiras de números um, sete e vinte e um do Quadro de Sócios da Instituição. Eram possuidores não somente de simpatia e inteligência incomparáveis, como, acima de tudo, sempre idolatravam a cultura e a literatura. Eram indivíduos que, quando tínhamos oportunidade de contactá-los, em um único minuto já os conhecíamos e na hora seguinte, estávamos a admirá-los, para, logo após nos rendermos à sua sabedoria. Estes os motivos de não os esquecermos jamais.

O ditado popular nos ensina, “Rei morto, Rei posto” lema herdado da monarquia, exprimindo exatamente isto: no momento em que um rei morre, seu herdeiro se torna rei, sendo a coroação somente formalidade, porque o reino não pode ficar acéfalo. Correntemente, isto exprime a transitoriedade do poder, pois, quem é poderoso hoje pode vir a não sê-lo mais, amanhã. Os reis passam, a coroa fica.

O mesmo raciocínio se aplica à Academia Alagoana de Letras, onde os ocupantes passam e as cadeiras ficam tendo de ser preenchidas conforme os critérios eleitorais, estabelecidos regimental e estatutariamente. E então, quando surgem os novos Imortais da Terra Caeté: Fernando Antônio Gomes, Temoteo Correia e Maria Heloisa Melo de Morais, ocupantes, respectivamente das cadeiras de número 1, 7 e 21.

Estes três aplaudidos literatos alagoanos chegam à Casa de Jorge de Lima, Ledo Ivo, Guedes de Miranda e tantos outros, conscientes, não somente da grandeza da aplaudida Instituição, como acima de tudo, convictos de que o verdadeiro imortal, não quem desagrega, faz uso de subterfúgios espúrios para atingir seus interesses, mas sobretudo aquele que extravasa sua força interior, sempre buscando trabalhar em equipe, na expectativa de ver crescer, ainda mais, o inegavelmente maior sodalício cultural das Alagoas.

Em tempos de pandemia, numa época em que a informática administra o planeta, os três noveis imortais foram empossados, em reunião virtual, acontecida com cada um no aconchego de seu lar. No termo por eles assinado está contido que a posse social acontecerá quando, com segurança, reuniões presenciais possam vir a acontecer.

Vida longa aos novos imortais. De parabéns a Academia Alagoana de Letras.

 

 

 

Alberto Rostand Lanverly – Presidente da Academia Alagoana de Letras

 

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