Nesta imagem de agosto, trabalhadores fazem a manutenção da barreira de boias instalada pelo governo do Texas no Rio Grande, fronteira natural entre os EUA e o México, para impedir a passagem de imigrantes. — Foto: Suzanne Cordeiro/AFP
Nesta imagem de agosto, trabalhadores fazem a manutenção da barreira de boias instalada pelo governo do Texas no Rio Grande, fronteira natural entre os EUA e o México, para impedir a passagem de imigrantes. — Foto: Suzanne Cordeiro/AFP

Nessa quarta-feira (6), um tribunal federal dos Estados Unidos deu ao governador do Texas, Greg Abbott, nove dias para remover a barreira de boias que instalou em julho no Rio Grande para impedir a passagem de migrantes do México.

O tribunal federal, com sede em Austin, concordou com os argumentos do governo do presidente Joe Biden, que exigia a suspensão da instalação da barreira.

O republicano Abbott anunciou imediatamente que vai recorrer da decisão.

O Rio Grande é a fronteira natural com o México. As boias instaladas são projetadas para girar caso alguém tente segurá-las e possuem, em cada lado, discos de metal serrilhados.

A linha de boias laranjas de cerca de 300 metros foi instalada no setor Eagle Pass, que faz fronteira com Piedras Negras, no México. É um dos trechos usados pelos migrantes para entrar nos Estados Unidos.

A Justiça Federal proibiu as autoridades estaduais e qualquer entidade que trabalhe para elas de “construir ou acrescentar qualquer boia, barreira ou estrutura de qualquer espécie no Rio Grande”, enquanto aguarda decisão do tribunal superior sobre o mérito da questão.

A Justiça ordena também “realocar antes de 15 de setembro” todos os elementos existentes que compõem esta barreira flutuante “na margem do Rio Grande, do lado do Texas”.

“Continuaremos atentos à resolução final e reiteraremos a urgência de remover de forma definitiva as boias da nossa fronteira comum”, reagiu o Ministério das Relações Exteriores mexicano na plataforma X, antigo Twitter.

O Ministério já havia informado em agosto a descoberta de dois corpos na área dessas boias. Um deles foi encontrado preso à barreira.

O juiz justificou a sua decisão pelos “danos causados pela barreira flutuante”, citando “as enormes tensões que têm causado nas relações entre os Estados Unidos e o México”, assim como “ameaças à vida humana e obstrução à navegação livre e segura”.

Além disso, o tribunal considera “provável” que a decisão de mérito seja favorável ao governo federal americano.

Em julho, a instalação da barreira gerou críticas no país vizinho.

O presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, a descreveu como uma “provocação” que viola a soberania do seu país.

Um mês depois, um levantamento topográfico realizado por uma comissão binacional oficial revelou que a barreira está, em sua maior parte, no lado mexicano do rio.

O Departamento de Justiça de Washington alertou então que as boias representam um problema humanitário e diplomático, porque vão contra os tratados fronteiriços celebrados com o México.

“Estamos satisfeitos que o tribunal tenha determinado que a barreira é ilegal e coloca irremediavelmente em risco as relações diplomáticas, a segurança pública, a navegação e as operações dos agentes federais dentro e ao redor do Rio Grande”, reagiu em comunicado a procuradora-geral dos EUA, Vanita Gupta.

Durante vários anos, governadores e legisladores republicanos, incluindo Abbott, denunciaram a chegada de imigrantes ilegais, chamando-a de “invasão”.

Abbott, um duro crítico do presidente Joe Biden, causou polêmica este ano ao enviar um ônibus com migrantes para estados governados por democratas.

O governo de Biden afirma que o número de travessias ilegais caiu significativamente desde que foram introduzidas novas regras de asilo.

Fonte: G1

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