Esta é uma semana muito ruidosa. O Brasil está às vésperas de vivenciar e assistir a um grande movimento popular da sociedade civil. Os analistas políticos divergem de opinião. Enquanto alguns acham oportuna a manifestação pacifica contra a situação politica e econômica atual do país, mesmo tendo como bandeira o pedido de impeachment da presidente, outros acham que ele poderá ser inócuo, tendo em vista que uma possível destituição do mandato dela poderia piorar ainda mais a situação.
O fato é que o Brasil vive uma crise sem precedentes. A inflação está subindo a patamares superiores ao definido anteriormente pelo Governo. O Real está caindo em relação ao dólar, já tendo ultrapassado a cotação dos R$ 3,00. As previsões para o PIB em 2015 são negras, podendo acontecer uma recessão. O aumento da energia atinge toda a população, que não consegue digerir a falta de planejamento ocorrido nessa área. Culpar apenas a falta de chuvas não parece ser, para muitos, a melhor desculpa.
E no meio disso tudo, a crise da Petrobrás causa indignação no cidadão comum. Com partidos políticos, dirigentes da estatal, parlamentares e empresários envolvidos num escândalo de graves proporções e terríveis consequências. Porque desnuda práticas nocivas ocorridas naquela que sempre foi a empresa símbolo da nossa nacionalidade, a síntese do orgulho do povo brasileiro. Uma das maiores empresas de petróleo do mundo, agora envolta em noticiários os mais degradantes, em todos os lugares.
Tristeza, esse é o sentimento que paira entre os cidadãos. Por ver tudo isso acontecendo poucos meses após a última eleição. Na qual o quadro pintado era promissor e bem diferente do que estamos vendo agora. Era uma realidade otimista, de manutenção de programas existentes e de criação de novos mecanismos para manter a sociedade em crescimento. Tanto na esfera econômica como na social. Tudo exatamente o oposto ao que se vê hoje estampado nos jornais e telejornais do país.
Percebe-se que é quase a mesma tristeza de quando se perde um grande amor. Um vazio, uma grande dor, uma terrível solidão, mesmo quando se está rodeado de pessoas. O brasileiro está se sentindo só, triste e não sabe a quem recorrer para fazê-lo se sentir novamente alegre. E começa a demonstrar isso. E essa manifestação do próximo domingo é uma forma encontrada para ele dizer qual o seu estado de espírito. Mesmo que o resultado seja duvidoso e bastante imprevisível.
Essa ebulição da sociedade precisa ser bem avaliada. Porque até onde se sabe não há nenhuma interferência de partidos. Mesmo porque o Congresso está às voltas com seus próprios fantasmas. O que pode acontecer na próxima semana é uma incógnita. Mas uma coisa é clara: o grito das ruas é o sintoma da insatisfação e da tristeza que se abate sobre a sociedade. E vai exigir uma profunda reflexão por parte do Governo para mudar o que está posto. Com a palavra os cientistas políticos.
Nelson Freire – Economista, Jornalista e Bacharel em Direito