TRISTEZA POR FAVOR VÁ EMBORA –
Tenho um hábito antigo que é de sempre olhar para o semblante das pessoas, ao falar com elas, como se estivesse perscrutando o íntimo de cada uma. Resquício de um tempo em que, em função de um mandato eletivo, eu procurava saber de fato como as pessoas estavam e o que elas sentiam. Até para entender como poderia apresentar possíveis soluções para os problemas que estávamos tratando na ocasião.
Mas o tempo passou e já não exerço função pública. Mas como cidadão e jornalista percebo que nos últimos dias os que me rodeiam e com os quais me deparo estão com semblantes tristes. Uma tristeza imensurável. Eu mesmo não consigo esconder a que sinto no dramático momento que passamos. Com as notícias alarmantes na área de saúde pública, na área econômica e também na esfera política. Além de sentir realmente os efeitos do isolamento compulsório que todos estamos vivendo.
Por várias razões a tristeza se manifesta. Pela própria doença que se espalha mundo afora, por essa solidão compulsória a que nos submetemos como uma das formas de evitar seu contágio. Advindo daí a ausência do abraço efusivo dos amigos, das demonstrações de carinho dos filhos e demais parentes. Também pelo acompanhamento, dos graves problemas econômicos e políticos que ocorrem agora no Brasil
Tristeza é inerente a dor. Se não estamos sentindo essa dor pessoalmente, na área da pandemia, da crise econômica e da política, a nossa tristeza pode refletir e se referir a dor dos outros. E na verdade todos temos de fato muitas razões para senti-la. Na área da economia vendo muita gente sem dinheiro para se manter nesse momento difícil, além de algumas empresas que já estão falindo. E na área política, com tantos fatos novos ocorrendo, um a cada nova semana, alguns gerados pelo próprio governo.
Tristeza por favor vá embora, minha alma é que chora. Para que voltemos a sorrir.E que possamos caminhar sem medo em direção ao futuro. Tristeza vá embora e leve a pandemia com você. Leve os problemas econômicos com você. Leve os problemas políticos com você. Pois além do medo de contrairmos a doença, a preocupação com terceiros, com o país, com o mundo, por causa da queda vertiginosa dos resultados da economia. E na política, cruz credo! essa permanente incerteza de como se comportará o dia seguinte.
Tristeza, por favor vá embora!!! Para que possamos vivenciar o equilíbrio e a sensatez tão escassos nesses tempos modernos. Sensatez e equilíbrio que parecem estar tão fora de moda, mas que são fundamentais. E que ressurja o entendimento entre as pessoas e que de uma vez por todas se acabe com a belicosidade excessiva entre os vários grupos tão antagônicos.
Nelson Freire – Jornalista, editor do Blog Ponto de Vista, Economista e Bacharel em Direito
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