Em um dos vídeos apagados, Bolsonaro conversa com um ambulante, defende que as pessoas continuem trabalhando, e diz para “quem tem mais de 65 ficar em casa”. Ele acena positivamente quando uma das pessoas na aglomeração diz que “tem que abrir os comércios e trabalhar normalmente”.
No segundo vídeo, ele entra em um supermercado, volta a provocar aglomerações, critica as medidas de isolamento e diz para jornalistas que “o país fica imune quando 60, 70% foram infectados” e que um remédio contra o coronavírus “já é uma realidade”, sem apresentar comprovação.
Apesar de haver pesquisas iniciais, não há remédio com atuação comprovada contra o coronavírus e ninguém sabe quando teremos.
As autoridades sanitárias do mundo inteiro defendem que todos os que puderem fiquem em casa para diminuir os riscos de quem tem de trabalhar, como aqueles de setores essenciais, como saúde, transportes e fábricas, entre outros. Bolsonaro, porém, insiste num isolamento mais restrito, apenas de idosos e doentes crônicos.
Os dois vídeos de Bolsonaro continuam no ar nas páginas oficias de Bolsonaro no YouTube e no Facebook. O Portal G1 perguntou ao Google, dono do YouTube, e ao Facebook sobre o posicionamento das empresas em relação a estes conteúdos, mas não teve resposta até a última atualização desta reportagem.
Posts apagados de Ricardo Salles e Flávio Bolsonaro
No dia 23 de março, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, teve um post apagado por colocar a população em risco de contaminação com a doença. O post tinha um vídeo antigo sobre a doença apresentado como se fosse novo, confundindo a população.
Flávio Bolsonaro, que tinha compartilhado o vídeo, também teve seu post apagado.
Veja o trecho do blog do Twitter que cita os tipos de conteúdos que passam a ser contra as regras da rede:
“[Medidas que estamos tomando:] Abranger nossa definição de danos para atuar em conteúdos que vão diretamente contra as informações globais e locais de saúde pública orientadas por fontes oficiais. Em vez de depender de denúncias, atuaremos próximos a parceiros confiáveis, incluindo autoridades de saúde pública e governos, e continuaremos usando e consultando informações dessas fontes ao revisar os conteúdos. Sob essa nova orientação, solicitaremos que as pessoas removam Tweets que incluam:
- Negação das recomendações de autoridades de saúde locais ou globais para diminuir a possível exposição ao COVID-19 com a intenção de influenciar as pessoas a agir contra as orientações recomendadas, como: “o distanciamento social não é eficaz” ou incentivar ativamente as pessoas a não se distanciar socialmente em áreas impactadas pelo COVID-19.
- Descrição de tratamentos ou medidas de proteção que não sejam diretamente prejudiciais, mas ineficazes; que não se aplicam ao contexto do COVID-19; ou que estão sendo compartilhadas com a intenção de enganar outras pessoas, mesmo que sejam em tom de humor, como “o coronavírus não é resistente ao calor – caminhar ao ar livre é suficiente para se proteger” ou “use aromaterapia e óleos essenciais para prevenir o COVID-19”.
- Descrição de tratamentos prejudiciais ou medidas de proteção ineficazes; que não se aplicam ao COVID-19; ou estão sendo compartilhadas fora de contexto para enganar pessoas, mesmo que sejam feitas em tom de brincadeira, como “beber água sanitária e ingerir prata coloidal curará o COVID-19”.
- Negação de fatos científicos estabelecidos em relação a transmissão durante o período de incubação ou orientação das autoridades de saúde locais e globais, como “COVID-19 não infecta crianças porque não vimos nenhum caso de crianças doentes”.
- Afirmações específicas em torno das informações do COVID-19 que têm como objetivo manipular as pessoas para um determinado comportamento, para ganho de terceiros com um pedido de alguma ação, como “o coronavírus é uma fraude e não é real – saia e curta seu bar local!!” ou “as notícias sobre lavar as mãos são propaganda para as empresas de sabão, parem de lavar as mãos” ou “ignorem as notícias sobre o COVID-19, elas são apenas uma tentativa de destruir o capitalismo, quebrando o mercado de ações”.
- Afirmações específicas e não verificadas que incitam as pessoas a agir e causam pânico generalizado, agitação social ou desordem em larga escala, como “a Guarda Nacional acaba de anunciar que não haverá mais reposição de alimentos por 2 meses – vá até o supermercado o mais rápido possível e compre tudo o que puder!”
- Afirmações específicas e não verificadas feitas por pessoas que se passam por um funcionário, organização ou governo de saúde, como uma conta de paródia de um oficial de saúde italiano afirmando que a quarentena do país acabou.
- Propagação de informações falsas ou enganosas sobre os critérios ou procedimentos de diagnóstico do COVID-19, como “se você puder prender a respiração por 10 segundos, não terá coronavírus”.
- Declarações falsas ou enganosas sobre como diferenciar COVID-19 de outra doença e informações que tenham o objetivo de diagnosticar alguma pessoa, como “se você tem tosse úmida, não é coronavírus – mas tosse seca é” ou “você vai sentir como se estivesse se afogando em catarro se tiver coronavírus – não é uma secreção nasal normal”.
- Informações de que grupos específicos ou nacionalidades nunca são suscetíveis ao COVID-19, como “pessoas com pele escura são imunes ao COVID-19 devido à produção de melanina” ou “a leitura do Alcorão tornará um indivíduo imune ao COVID-19”.
- Afirmações de que grupos específicos ou nacionalidades são mais suscetíveis ao COVID-19, como “evite empresas pertencentes ao povo chinês, pois é mais provável que tenham o COVID-19”.