UFRN 60 ANOS – AULA MAGNA 2018 –
Tive o prazer de participar, juntamente com os ex-reitores Diógenes da Cunha Lima Filho, Genibaldo Barros, Daladier Pessoa Cunha Lima, Ivonildo Rego, Ótom Anselmo e Ângela Maria Paiva Cruz (atual reitora), da AULA INAUGURAL do Ano Letivo 2018 (Primeiro Semestre), realizada sexta-feira, 16 de março, no Auditório da Reitoria da UFRN, dentro da programação comemorativa dos 60 anos da instituição.
O tema, abordado coletivamente, teve como fundamento a contribuição da UFRN ao desenvolvimento do Rio Grande do Norte a partir da experiência vivenciada por cada um como gestor da Universidade. Reproduzo a seguir o texto que fundamentou a minha participação:
QUAL A CONTRIBUIÇÃO DA UFRN AO DESENVOLVIMENTO DO RIO GRANDE DO NORTE?
Valorizando a reconstituição e preservação da memória da UFRN, o tema que nos é proposto como questão norteadora desta aula inaugural pede o testemunho do que representou, para cada um de nós, administrar a Universidade especificando a sua contribuição para o desenvolvimento do Rio Grande do Norte.
Para viabilizar uma abordagem mesmo sucinta do tema, face ao tempo que dispomos nesta rápida introdução, fundamento o meu testemunho em pelo menos dois princípios que considero necessários para uma análise da questão e seus possíveis desdobramentos. Em primeiro lugar, a natureza educacional da instituição a que servimos. Em segundo, o momento histórico vivido na época em que tive a honra de administrar a Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Além desses, o relatório PERCURSOS, com o qual prestamos contas à sociedade norte-rio-grandense quando da conclusão do período administrativo 1991-1995, subsidiará a minha intervenção nesta manhã de lembranças compartilhadas.
Como instituição de ensino e pesquisa, com a responsabilidade de formar, aperfeiçoar e disponibilizar para a sociedade, profissionais nas diversas áreas do conhecimento, além dos avanços construídos pela ciência, tendo uma missão formadora por excelência, talvez esteja nesta função do seu fazer cotidiano o maior legado da contribuição dada pela UFRN ao desenvolvimento do nosso estado.
Já paramos para imaginar quantos profissionais se formaram pela Universidade nesses 60 anos de existência? Mesmo sem um levantamento estatístico preciso, que nos dê conta de todo este esforço vitorioso, construído paulatinamente, desde a época de sua fundação por Onofre Lopes, Otto Guerra e tantos outros pioneiros, percebe-se cada dia mais a presença da UFRN a se reproduzir em todos os municípios do Rio Grande do Norte, através do elemento humano que ela formou: educadores, administradores, engenheiros, profissionais da saúde, do direito e centenas de outros profissionais. Acrescente-se ao desenvolvimento humano que ela proporcionou de forma marcante no estado outros ganhos: sociais, econômicos, ambientais e, por que não dizer?… os ganhos de consciência da cidadania que ela também promoveu.
Oferecida a primeira resposta à questão formulada, repito o que disse em maio de 1995, no Relatório PERCURSOS: “Prestamos contas do nosso trabalho, certos de que os diversos reitores que dirigiram [a Universidade] encaminharam-na de acordo com os objetivos a que se propõe a instituição, conforme as demandas e possibilidades de cada época. Cada um deles herdou do antecessor o legado de um passado já construído e realizou os avanços possíveis”. Portanto, o trabalho coletivo de construir a Universidade carrega a presença efetiva de todos os seus administradores, completando-se com a participação das equipes que os ajudaram e de todos aqueles que integram ou fizeram parte da instituição ao longo de sua história: professores, funcionários e alunos.
Dos avanços que foi possível alcançar no período 1991-1995, uma breve referência pode ser feita àqueles que se relacionam mais estreitamente com o caráter desenvolvimentista da instituição, objeto da aula de hoje, quer seja pelo alcance social dos seus resultados, quer seja pela criação de condições favoráveis, inclusive de infraestrutura, à ampliação das atividades de ensino, pesquisa e extensão, com repercussões duradouras para a sociedade potiguar. Neste caso, e para não extrapolar o tempo, seleciono quatro deles:
1. Criação dos primeiros cursos de Doutorado completando-se a pós-graduação stricto-sensu nas áreas de Física e Educação, que já apresentavam Cursos de Mestrado consolidados;
2. Institucionalização das Bases de Pesquisa, dando organicidade aos diversos grupos que já atuavam na instituição, com a identificação e reconhecimento de 63 bases de pesquisa, possibilitando entre elas um maior intercâmbio, e também com setores da sociedade norte-rio-grandense e instituições internacionais, neste caso através de acordos de cooperação. Foram bem aproveitados na época os acordos CAPES/COFECUB, com a França, e CAPES/Conselho Britânico, com a Inglaterra. Merece fazer-se um registro, neste momento, do trabalho de extensão desenvolvido pela área da saúde, através de vários departamentos, no bairro de Felipe Camarão nesta capital, com o objetivo de controle da mortalidade infantil, coordenado no período pelas professoras Albanita Macedo e Técia Maranhão, com a colaboração da Universidade de Bristol;
3. Montagem da infraestrutura de fibra ótica necessária à interligação em rede dos vários setores da Universidade, novo recurso computacional que surgia na época e a partir do qual a tecnologia da informação consolidaria posteriormente a aldeia global preconizada por Marshall McLuhan. Com isso, foi possível não apenas a interligação dos diversos setores da UFRN, mas o mais importante, a sua ligação com a Rede Nacional de Pesquisas;
4. Por fim, a transferência do Núcleo de Tecnologia Educacional/TV Universitária para o Campus Universitário em maio de 1995, que viabilizou a ampliação e aperfeiçoamento dos recursos televisivos e de outros meios de comunicação e de educação à distância em benefício da população norte-rio-grandense.
Se do passado trouxemos experiências vivenciadas que demonstram a presença vital da UFRN na construção do desenvolvimento do estado, gratifica-nos constatar no presente a continuidade desse esforço, através do aperfeiçoamento e ampliação de suas ações, muitas também pensadas na perspectiva de construção do futuro.
COMPETE, PORTANTO, A CADA UM DE NÓS A SUA DEFESA INTRANSIGENTE COMO INSTITUIÇÃO PÚBLICA, RECONHECENDO-A PRINCIPALMENTE COMO PATRIMÔNIO DE TODA A SOCIEDADE DO RIO GRANDE DO NORTE.
Geraldo dos Santos Queiroz – Ex-Reitor da UFRN
As opiniões contidas nos artigos/crônicas são de responsabilidade dos colaboradores
OBS.: Participação na Aula Magna da UFRN
Em Natal, 16 de março de 2018.