Ricardo Valentim, coordenador do Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde da UFRN, destaca momento crítico — Foto: Arthur Barbalho/Lais/UFRN

O Rio Grande do Norte terá “toque de recolher” entre 22h e 5h, conforme anunciou a governadora Fátima Bezerra nessa sexta-feira (26). As novas medidas de combate à propagação do novo coronavírus, incluindo a suspensão das aulas nas redes pública e privada, estarão em decreto que será publicado neste sábado (27) no Diário Oficial do Estado (DOE). O professor Ricardo Valetim, coordenador do Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde (Lais) da UFRN e integrante do comitê científico de enfrentamento à pandemia da Covid-19 no RN, afirmou em entrevista ao RN 2, da Inter TV Cabugi, que a decisão do governo é acertada, mas que precisa da cooperação das autoridades e da população no cumprimento destas medidas.

“Este é um dos momentos mais delicados da pandemia no estado. Tudo que foi conseguido até agora pode ser perdido justamente porque a população não está respeitando ou porque não está havendo uma fiscalização e uma presença mais forte das autoridades do Estado e dos Municípios”, falou. “Nesse momento não pode haver divergência política. Nós estamos em uma guerra. O inimigo é o Covid. O vírus precisa ser vencido e não temos vacina para todos”, completou.

Valentim destacou ainda o “papel preponderante da família” nesta fase. “A família, nesse momento, é importante para ajudar no controle da pandemia. A família pode ajudar convencendo os filhos, os jovens, para evitar aglomerações”.

Para emitir as recomendações para o governo, o comitê científico analisa tanto os dados epidemiológicos – casos diários, taxa de transmissibilidade, número de óbitos – como os dados assistenciais – ocupação de leitos críticos para tratamento da doença. “O estado do Rio Grande do Norte vive um momento bastante crítico. A taxa de transmissibilidade hoje é de 1,13 no estado. É uma taxa considerada alta. Para cada 100 pessoas contaminadas, outras 113 estão sendo contaminadas”, falou o professor.

“Nós estávamos alguns dias atrás com o número de óbitos reduzindo gradualmente, mas, com essas internações que estamos vendo agora em leitos de UTI, provavelmente na próxima semana nós já vamos observar um aumento nesse número de óbitos. Nós podemos chegar a um número muito elevado de óbitos, que é justamente o que não queremos neste momento”, emendou.

O coordenador do Lais/UFRN reforçou que “nesse momento, o principal dado é o dado assistencial, ou seja, a ocupação de leitos de UTI”. “Para a gente ter ideia, no meio do ano nós chegamos a 130 de pedidos por internação, 108 era a média diária. Nos últimos dois dias, estamos com mais de 100 pedidos de internação em leitos Covid-19 no estado. É um dado extremamente preocupante, crítico”, comentou.

Fonte: G1RN

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