UM MUNDO EM CRISE I –
Os que conseguem sobrepairar por momentos que sejam no utilitarismo dos comportamentos atuais do homem; os que conseguem pensar, não obstante as intensas pressões sobre a mente humana, enchendo-a de imagens feitas de estereótipos, introjetados com intenções desconhecidas; os que conseguem sentir alguma além das exigências materiais exacerbadas; os que podem mergulhar nas ideias dos verdadeiros protótipos do pensamento humano, saltando sobre elaborações deterioradas de mentes enfermas, acobertadas por forma literária; os que conseguem não iludir-se com filosofias e falsos sofismas sentem a gravidade do momento histórico em que vive a humanidade. Podemos analisar a situação sob o prisma da CRISE SOCIAL, CRISE PSICOLÓGICA e CRISE MORAL.
CRISE SOCIAL
Quando nos detemos a observar o horizonte internacional, vemos as nações do mundo empenhadas numa amarga e colossal contenda pela supremacia. Percebemos o fato assustador que o Século XX assistiu a duas guerras mundiais e a ameaça de um terceiro conflito é permanente até hoje, pairando tremenda sobre nossas cabeças. O conflito atômico mal começou; a guerra bacteriológica ainda está por ser exploradas em suas múltiplas possibilidades. Existem conflitos violentos em várias partes do mundo. A verdade é que o problema da guerra e seu espectro ainda nos ameaça.
Outro aspecto da crise social é o problema da explosão demográfica. Dados estatísticos nos dão conta que, a população no início do mundo, no início da história documentada é calculada em 125.000 pessoas. Na época de Cristo, havia em toda a terra apenas cerca de dois terços da população concentrada hoje, nos Estados Unidos. A população aumentou com tamanha rapidez, desde então, que três por cento de todos os seres humanos que existiram desde a alvorada da história, vivem na terra, hoje. A população mundial já ultrapassou os 7 bilhões de pessoas.
O problema da urbanização trouxe um outro problema na ordem social: a violência, em função do aumento da delinquência. A rebelião e a delinquência já se acham presentes em escala tal como jamais o mundo as conheceu. A rapidez com que o crime está aumentando, adverte-nos que nos encontramos bem perto da total rebelião e anarquia. A praga da criminalidade ameaça destruir a nossa sociedade, e à medida que aumenta o índice de criminalidade, desabam os alicerces morais das nações.
CRISE PSICOLÓGICA
Há uma crise na vida coletiva dos homens, porém há também uma crise nas vidas individualmente. Hoje em dia os homens estão em muitos casos mais frustrados, perplexos e desiludidos do que em qualquer outro período da história humana. Nuvens de ansiedade e medo estão pairando sobre sua mente e muitos chegam à conclusão que a vida não tem sentido nenhum. Entendeu-a assim o filósofo alemão Arthur Schopenhauer quando exclamou: “A vida é um penar sem fim, uma tragicomédia representada, variando apenas os personagens e as vestimentas”. Igualmente William Shakespeare, na obra MacBeth: “a vida é um conto, narrado por um idiota, cheio de som e fúria, sem nenhum sentido”.
Analisando a crise psicológica do homem, o escritor alemão Erick Fromm, escreveu na obra “A sobrevivência da Humanidade”, o seguinte: “o industrialismo moderno conseguiu produzir esse tipo de homem – o autômato, o homem alienado de tal modo que seus atos se tornaram estranhos a ele. Os homens são, cada vez mais, autômatos que fazem máquinas que agem como homens e geram homens que agem como máquinas; sua razão deteriora, enquanto sua inteligência aumenta, criando com isso a perigosa situação de dar aos homens um formidável poderio material sem a prudência de saber usá-lo”. A conclusão a que se chega é que o homem está perplexo diante das incertezas da vida, combalido pelos revezes do cotidiano e desiludido pelas ambiguidades da história.
Josoniel Fonsêca – Advogado e Professor Universitário, membro da Academia de Letras Jurídicas do Rio Grande do Norte – ALEJURN, [email protected]