A palavra recidiva, dentro do contexto da medicina significa o reaparecimento de uma doença ou de um sintoma, após período de cura mais ou menos longo. Tal palavra dita para um paciente oncológico e sua família significa o ressurgimento de inúmeras angústias, medo, aflição. Trata-se para eles de um retorno às cenas de filmes já vistos e vividos.
O processo de tratamento contra o câncer é repleto de desafios, o paciente e seus familiares enfrentam diversas dificuldades, mas durante a fase de remissão da doença, a vida começa a voltar ao normal. Os filhos voltam a frequentar a escola, as consultas passam a ser espaçadas, as vezes mensais, e até mesmo anuais. Porém, quando ocorre a recidiva, ou seja, a volta da doença em plena atividade, o chão é retirado mais uma vez, e agora eles sabem onde estão pisando, pois o processo já é conhecido e já foi vivenciado.
Podemos falar que existem diversos fatores da vida desses pacientes e familiares que são afetados, a saber: psicológicos, emocionais e sociais. Eles passam a enfrentar novamente a rotina difícil do hospital: exames, procedimentos cirúrgicos, quimioterapia, enjoos, isolamento devido à baixa imunidade. No entanto, existe um agravante nesse momento, a preocupação com a redução das chances de cura, além do medo da morte, este torna-se mais forte e a cura é vista como algo quase inalcançável. Durante o processo de tratamento, muitos já viram e vivenciaram a perdas de colegas de caminhada num período de recidiva. Existe inclusive o medo de falar abertamente sobre tal situação, pela carga negativa que ela acarreta.
Muitas vezes, para os pais e/ou responsáveis a confirmação da recidiva da doença vem aliada a um turbilhão de sentimentos e frustrações. Nesses casos, a intervenção da equipe multidisciplinar é de extrema relevância, através de um conjunto de saberes e vivências para ajudá-los a enfrentar tão doloroso processo. Não podemos deixar de citar a importância do suporte familiar e emocional, necessário para que eles superem mais uma etapa.
Podemos dizer que o tratamento e a busca pela cura do câncer são assim como uma montanha russa, literalmente, cheia de altos e baixos, além das curvas sinuosas. O diagnóstico é o momento baixo, a remissão o momento alto que vislumbra a cura para doença. Porém, a recidiva é a curva sinuosa, que deixa todos de cabeça para baixo, onde paciente e familiares tomam um verdadeiro susto para voltarem aos trilhos e seguirem até o ponto de chegada.
A vivência e o fazer profissional social no processo de acompanhamento dessas famílias é um universo repleto de aprendizado, desafios, momentos tristes, mas também um espaço de superação, permeado por momentos de alegrias e de conquistas. Podemos afirmar com convicção que aprendemos muito com cada paciente, seus familiares e suas histórias de superação.
Keillha Israely – Assistente Social da Casa Durval Paiva, CRESS/RN 3592
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