UM PANTEÃO PARA CHAMAR DE NOSSO –
O proeminente filósofo irlandês, Edmundo Burke, disse: Um povo que não conhece a sua história está condenado a repeti-la. Li, sem identificar o autor, o seguinte: Um povo sem memória é um povo sem história e está fadado a cometer, no presente e no futuro, os mesmos erros do passado.
Eu defendo a manutenção da memória e dos valores históricos do Brasil e batalho pela criação de um Panteão de Heróis que possamos chamar de nosso.
Alguns tacharão a ideia de frescura. Tudo bem! Certamente serão cidadãos sem qualquer noção de patriotismo nem amor à memória dos que trabalharam e até se sacrificaram para que desfrutássemos de dias melhores no futuro.
O Ensino Básico sem matérias como Educação Moral e Cívica-ECM e Organização Social e Política Brasileira-OSPB, somente prejudicou a formação patriótica de nossos estudantes. Inadmissível não sabermos cantar corretamente o Hino Nacional Brasileiro, nem os que exaltam os símbolos e as datas marcantes da história do país.
Minha ideia engloba as participações do Instituto Histórico e Geográfico-IHGRN e da Academia Norte-rio-grandense de Letras-ANL, para a análise dos vultos merecedores da honraria de constarem no Panteão dos Heróis do Rio Grande do Norte. Lógico que, após o crivo do Legislativo e do Executivo.
Onde instalar o Panteão? Pensei na estrutura preparada para o Presépio de Natal, projeto de Oscar Niemayer, que nunca foi instalado. Oferecido ao Banco do Brasil para abrigar um Centro de Cultura, também não vingou. Vale a pena tentar novamente com o Panteão. Abaixo, cito alguns potiguares dignos de lá estarem:
Augusto Severo de A. Maranhão (1864-1902) – Nascido em Macaíba foi político, jornalista e aeronauta. Celebrizou-se por estudos e experiências na navegação aérea. Seus dirigíveis Bartholomeu de Gusmão e Pax serviram de base para Santos Dumont criar o 14 Bis. Faleceu com a explosão do dirigível Pax, em Paris, onde é nome de rua. Merecia ser um herói nacional, mas nós o homenagearemos como tal.
Dionísia Gonçalves Pinto (Nísia Floresta) – (1810-1885) – Nasceu em Papari, atual Nísia Floresta. Foi uma educadora, poetisa e escritora. Defensora de ideais abolicionistas, republicanas e feministas, e atuante no jornalismo e em movimentos sociais. O imortal Veríssimo de Melo a classifica como a mais notável mulher que a História do Rio Grande do Norte registra. Faleceu em Ruão, França.
João Maria Cavalcanti de Brito (Pe. João Maria) – (1848-1905) – Nasceu em Jardim de Piranhas. Dedicou a vida em prol dos mais necessitados. Foi vigário em diversas paróquias do interior do Estado. Trabalhou pela libertação dos escravos o que lhe valeu o título Pai dos Negros Forros. Auxiliou as vítimas das secas e da epidemia de varíola em 1905, morrendo da mesma doença. Para muitos, é tido como um “santo”.
Santos Mártires de Cunhaú e Uruaçu ou Protomártires do Brasil – Título atribuído pela Igreja Católica para os trinta católicos martirizados no interior da Capitania do Rio Grande – posteriormente estado do Rio Grande do Norte -, respectivamente nos dias 16/07/1645 (Engenho de Cunhaú, em Canguaretama) e 3/10/1645 (Comunidade Uruaçu, em S. Gonçalo do Amarante).
Luís da Câmara Cascudo (1898-1986) – Nasceu em Natal. Foi um historiador, antropólogo, advogado e jornalista. Passou toda a sua vida em Natal dedicando-se ao estudo da cultura brasileira. Foi autor de 31 livros e 9 plaquetas sobre o folclore brasileiro, num total de 8 533 páginas. A sua obra ganhou reconhecimento internacional. Morreu como desejava, na querida cidade onde nasceu.
José Narcelio Marques Sousa – Engenheiro e Escritor
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