UM POEMA ENCONTRADO –
Nada melhor do que arrumar caixas e pastas que guardam partes de um passado que insiste em aparecer literalmente. Quem já não viveu um momento como esse, que nos faz sorrir e até “discutir” em silêncio com o próprio pensamento do porquê de ter escrito e guardado tal “recorte” da vida?
Pois é!
Sabedor de que o tempo se esvai, resolvi fazer um pequeno bota-fora de alguma anotação que vou guardando, na soma dos dias, apenas por respeito ao pensar e ao anotar a fugaz inspiração.
No papel amarelado pelo distante ano de 1972, datilografado provavelmente numa máquina de escrever Olivetti Studio 46, estava gravado um poema que falava de amor comparativamente com uma rosa.
Era assim:
A ROSA
Já te esperava…
De longe conheci o teu doce andar
Sorri com alegria para te abraçar…
A tua maneira de ser me cativa
Tornando meu espírito a dádiva que me ofertas…
Recebo com carinho a rosa que você traz
E balbucio em silêncio o meu obrigado…
Onde colhestes não sabes que lá já estive,
Mas a mão carinhosa que com cuidado a apanhou
Representa a bondade e a inocência do teu amor…
As pétalas que me saúdam trazem o aroma do teu corpo
A folha que resplandece em sinceridade traz a esperança dos teus beijos
O caule que acolhe os espinhos representa a trilha que seguimos
Para conhecer o que há de mais belo em nós…
Você é a própria rosa que eu rego
E que tanto eu desejo colher.
…
Esses recortes me lembram aqueles desenhos rústicos que são encontrados nas cavernas. São como um grito de que, aquele momento, não guarda um tempo, mas é vívido permanentemente. Talvez seja por isso que somos impulsionados a não desprezá-los.
Oxalá encontre outros. Vou procurar noutros nichos que certamente tenho guardados em algum lugar do passado.
E você também tem seus escritos em papéis amarelados?
Que tal reencontrá-los e manter um elo afetivo com sua inspiração ou lembrança de uma musa?
Carlos Alberto Josuá Costa – Engenheiro Civil, escritor e Membro da Academia Macaibense de Letras (josuacosta@uol.com.br)