UM PROTAGONISTA POTIGUAR –
Geraldo Melo (1935 – 2022) teve atuação destacada e singular em favor do nosso Estado.
Bem jovem, fez papéis secundários no teatro. Mas, a sua vocação era ser protagonista. Exerceu com brilho invulgar as mais expressivas funções. Foi planejador, empresário, líder de Ceará-Mirim, vice-governador, governador, senador da República. Ninguém o superou como orador. Por fim, culminou a carreira provando ser romancista.
O Ceará-Mirim elegeu sua esposa Ednólia como prefeita, reconhecida, e lá criaram filhos vitoriosos.
Geraldo Melo, quando estava fazendo projetos vitoriosos para a Sudene, veio assumir a recém-criada Secretaria de Planejamento do Estado no governo Aluísio Alves. Logo, conseguiu formar quadros diligentes com pessoas notáveis, entre os quais José Daniel Diniz, Roosevelt Garcia, Marcos César Formiga Ramos, Benivaldo Azevedo, Cleber Bezerra, Tupã Ferreira de Souza, João Wilson Mendes Melo.
Quando vice-governador (1979 – 1982), procurou Genibaldo Barros, que vinha da mesma função, e perguntou-lhe como se destacar no encargo sem criar antagonismos. O amigo respondeu que era fácil, bastava não concorrer a nenhum outro cargo.
Terminou por candidatar-se, e ganhou. Governou o Rio Grande do Norte (de 1987 a 1991) durante forte crise nacional. Mesmo assim, fez atuação benéfica.
Lembro fatos esquecidos e notáveis. Entre as preocupações de Daladier, meu irmão, quando reitor, estava o péssimo calçamento de acesso ao Campus. Procurou sem êxito o Ministério da Educação, a Prefeitura de Natal, a Petrobrás e, finalmente, o governador. Geraldo determinou que imediatamente se fizesse o asfaltamento do anel viário da nossa Universidade Federal. Afirmou que era seu dever, recusando homenagens.
Um menino de minha afeição foi vítima no primeiro sequestro de Natal. O governador determinou esforço máximo da polícia para resgatar a criança. Sob o comando de Maurílio Pinto e do delegado Narbal, o sequestrador foi preso e a vítima libertada. Somente assim o governador conseguiu dormir em paz.
Foi consagrado senador da República (1995 – 2003). Eleito vice-presidente da instituição, representou o Brasil e o Congresso Nacional em Conferência Mundial em Paris e Roma, e foi escolhido orador do conclave.
Empresário, implantou rádio e tevê (atual Band) no Rio Grande do Norte. Principal acionista, administrou a usina São Francisco. O governo federal deu enorme calote nas usinas de açúcar, o que levou a empresa a dificuldades insuperadas. Tive pequena participação com o seu advogado Roberto Rosas para, com o crédito, liquidar a dívida com o Banco do Brasil. Significava também o reconhecimento. O ex-deputado Henrique Alves disse-me que constava do recente Orçamento da República.
Geraldo Melo deixou um dos melhores romances de costumes do Nordeste: “Luzes e Sombras do Casarão”. A sua imortalidade foi reconhecida pela Academia Norte-rio-grandense de Letras.
Diogenes da Cunha Lima – Advogado, Poeta e Presidente da Academia de Letras do RN