UMA HISTÓRIA DE AMOR –
Nestas duas últimas semanas não consegui dar conta dos amigos e conhecidos que perderam entes queridos e não pude estar perto para acolher suas dores. Foram dias difíceis. Assim, abro o Instagram, numa fuga da realidade doída, e vejo uma foto que me chama atenção. Duas mãos e suas alianças. São de um casal de alunos. Na legenda um pouco da história deles, de suas lutas, conquistas e, principalmente, parceria.
A imagem me remeteu imediatamente à primeira foto de nosso álbum de casamento. Nossas mãos com as alianças ainda brilhosas, sem riscos, sem amassados. Não são mais elas que nos acompanham. O tempo nos fez substituí-las por alianças maiores. Não importa. São apenas símbolos de algo que não se consegue ver.
Pensei nas palavras do padre, nas nossas promessas de “na alegria e na tristeza, na saúde e na doença”. Faltou dizer: na pandemia! Neste período recebi relatos de casais se separando pois não aguentaram a convivência constante de 24h seguidas. Era mais fácil a rotina de só se verem a noite. Vi, ainda bem!, famílias se formando, pois perceberam que seria impossível superarem este período sem a proximidade da pessoa amada.
O amor…
Todos nós merecemos viver um grande amor. Todos! Não aqueles amores de novela, sofridos ou lânguidos. Não os amores de livro, que nunca saberemos o que acontece após a palavra “fim”. Não os amores de contos de fadas, onde o príncipe é mero espectador, quase um apêndice na história.
Falo de amor de verdade. Aquele amor que te tira o fôlego. Que o silêncio fala atropeladamente daquilo que as palavras não conseguem traduzir. O amor que te faz segurar a mão do outro com tanta força que você sente que se fundiram numa única pessoa. O amor que faz as mãos se tocarem quase imperceptivelmente e neste leve toque você sente que não está só. O amor que te faz desnudar a alma, mostrar seus defeitos sem medo, pois sabe que o outro te entenderá. O amor que o olhar basta para percebermos a imensidão de nossa felicidade por termos um ao outro. O amor que te faz aguentar a rabugice, os pequenos hábitos, a voz esganiçada ao cantar, a gargalhada alta ao telefone. O amor honesto, puro, que faz até mesmo a gente se suportar nos nossos dias difíceis.
A vocês, queridos alunos, desejo o amor assim. Este amor que renasce a cada manhã e nos acalenta a alma nas noites insones. Desejo o amor que cresce até não caber mais no peito, fazendo a gente cantar até a rouquidão, pois declaramos ao mundo que somos felizes simplesmente por sermos nós! Sermos dois em um. Desejo o amor que nos faz acreditar que podemos mudar o mundo!
Pois, com amor, tudo podemos.
Até mesmo acalentar as dores dos que sofrem… Só com amor… Só por amor…
Bárbara Seabra – Cirurgiã-dentista, Professora universitária e Escritora
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