UMA HISTÓRIA DE PELÚSIO –
Estava lendo dois artigos no Globo de ontem, um editorial contra a liberação de armas, e o de um deputado pró liberação. E aí lembrei-me de uma história de meu tio Pelúsio.
Um ladrão entrou na casa dele, anos e anos passados. Morava e morou a vida inteira na rua Apody. A mulher dele, Nair, acordou com o barulho do cara andando dentro de casa e disse: Pelúsio, pegue o revolver e vá atrás desse ladrão. Respondeu: Nair, você sabe que eu não tenho revolver. Mas, levantou-se e foi atrás do cara, que estava na cozinha com a geladeira aberta.
Quando Pelúsio acendeu a luz o cara assustou-se. Ele disse, tenha calma, não vou lhe fazer mal. Está com fome? Quer comer alguma coisa, ou quer tomar uma cervejinha? Está gelada e eu lhe acompanho. O cara ficou desconcertado.
Pelúsio abriu uma cerveja, tirou um pedaço de queijo e dois copos. Um para ele, óbvio, e o outro para o ladrão, que ele passou a chamar de “seu ladrão”.
Quando terminaram a cerveja, o ladrão, super delicado, pediu desculpas e disse que tinha que ir embora, e foi pular a janela que havia aberto para entrar. Aí Pelúsio disse: não, pela janela não, vou abrir a porta para você sair. Aqui em casa ninguém entra ou sai pela janela. Abriu, o cara saiu pela porta da frente e desapareceu.
E nunca mais teve notícia dele. Também, a conversa foi rápida e ele não havia perguntado o nome do sujeito.
Dalton Mello de Andrade – Escritor, ex-secretário da Educação do RN