UMA INSPIRAÇÃO –
No vagar do pensamento em busca de uma inspiração para escrever, me deparei com a insistência em deixar aquilo que estava arrumando na “cabeça” e fui levado a anotar no meu caderno de capa dura, este “poema”, para o qual até agora não encontrei um título adequado para ele.
O relógio marcava 23h15 de quatro de março do ano 21, da Covid19. Foi como na música ‘Chuvas de Março’ de Antônio Carlos Jobim, em que a imortal Elis Regina canta: “É um regato, é uma fonte, é um pedaço de pão”. Pois assim foi com essa corrente de pensamentos que se transformou em um riacho de sentenças, que brotou um naco de pão de letras que ora repasso.
Da janela te vendo
Cedo meu olhar ao vazio do infinito
Acompanho teus passos deslizando em sumiço no meu coração
Já não te percebo no ontem e nada sinto no hoje
Cerro as cortinas como na cena final de um show
Apago as lâmpadas que clarearam nossos encantos
Que agora se perderam em tamanhos desencontros.
Na manhã que segue busco na réstia o teu caminho
Na multidão entre caras e rostos procuro um olhar
Se o seu, não sei, mas qualquer um que eu possa acalentar
Pois o tempo que a janela me concede é exíguo como a saudade.
Mesmo te vendo e te perdendo todos os dias
Ainda assim estou na janela procurando te ver
Abro e fecho a cortina na esperança de um dia te retomar.
…
Confesso que não é a primeira vez que isso acontece. Tenho uns tantos artigos que iniciei e com poucos parágrafos sou impelido a parar. Para mim é como uma fuga de inspiração, para alguns amigos é que meu espírito (anjo da guarda) não estava gostando. Sei lá!
Engraçado é que tempos depois eu retomo alguns desses textos e eles fluem muito bem; outros emperram mesmo, como se ao meu “pé do ouvido”, soasse: “Esse não”.
Bem, aí está.
Você também já recebeu alguma ‘inspiração insistente’?
Carlos Alberto Josuá Costa – Engenheiro Civil, escritor e Membro da Academia Macaibense de Letras (josuacosta@uol.com.br)