UMA MANA VIVA –
Para um escritor, os acontecimentos precisam encontrar nas palavras ressonância.
Se algo que acontece não é descrito, para um escritor é como se não houvesse existido.
Tudo só faz sentido se passar pelo jogo de letras que a mente produz e, hoje, os dedos ao dedilhar num celular, tornam realidade.
Assim vou dando vida às minhas viagens pensamentais, amores familiares, insatisfações políticas, questões filosóficas e espirituais e, à mais dolorosa das escritas, às partidas.
Evitei, não sei se percebeu, escrever perda, afinal é muito forte e injusta, quando quem parte, passou a vida acrescentando muitas maravilhas a todos nós.
No quadrado mais próximo a meu ser, papai e mamãe partiram e não perdi nada. Pelo contrário, com enfermidades decorrentes de idades avançadas, foram deixando até hoje, mil motivos para uma ruma de bem querer, exemplos, histórias e estórias para relembrar, contar, revivenciar.
Agora chegou a vez de nova partida, da mana Lila, Liloca nariz de tapioca.
Pense numa alma show, ótima, maravilhosa. Pergunte por ela entre as amigas do Maria Auxiliadora, da rua Conselheiro Brito Guerra, dos blocos carnavalescos, do hospital Onofre Lopes, aos familiares, filhas, qualquer ser que tenha tido o prazer de usufruir de sua presença, mínima que fosse.
Nunca, jamais, em tempo algum, ouvi alguma alma viva dizer absolutamente nada negativo da mana. Mas ouvi, testemunhei, milhares de relatos, citações, depoimentos positivos, altamente nobres, sobre sua alegria, disposição ao bem, companheirismo, a entronizando como amiga sem igual, mãe sensacional, mana excepcional, filha amorosa e ser humano de luz superior e positiva.
Por qualquer ângulo, situação, canto e recanto que a existência física da mana Lila possa ser analisada, haverá em todos os espaços possíveis, o DNA da divindade no que diz respeito à força máxima de sua amorosidade na criação de nossa raça.
No panteão dos sapiens, que possa servir de bom exemplo e orgulhar a espécie que pertencemos, mana Liloca terá presença certa.
Por isso, como escritor me alimento do seu bom exemplo. Como mano me abasteço de sua permanente presença a meu lado na Casa do Bem, lançamento de todos os meus livros, casamentos, nascimento dos filhos, comemorações, com Lila nunca abstendo-se, sempre dizendo sim, estou aqui.
E assim, quem da vida material de todos nós esteve presente de diversas formas, dizendo sim, não existe partida, não existe morte, não existe perda, não existe fim.
Apenas acaba uma parte, um pedaço, começando outro. Sem algumas coisas, eu sei, mas com outras, também saberei, posto que quem aqui muito deixa, não acaba, vira cubo, potência, amplifica amor, espalha bem querer. Agora a mana Liloca não precisa necessariamente ser encontrada num limitado corpo físico, ela está presente no éter, no TODO, una que está com a Morada de Deus, que a tudo abarca e a tudo abraça.
Liloca agora não é mais a nariz de tapioca, é a onipresença real, a goma, a liga, o sabor, a nossa eterna amada UNIVERSAL.
Te amamos sempre. Luzzzzzzz.
Flávio Rezende – jornalista