Íamos, eu e minha filha Diana, em outubro de 2013, ao XXXIX CONGRESSO NACIONAL DOS PROCURADORES DE ESTADO, a ser realizado em Porto de Galinhas (PE), cujo tema era:
“O Advogado público, as funções da cidadania e os 25 anos da Constituição de 1988. Porto de Galinhas – PE- Outubro de 2013.”
Preferimos ir de táxi, pois tenho pavor a viajar de avião.
Sabendo disso, um casal amigo nosso, me vendeu a ideia de contratar para nos levar a Porto de Galinhas, um excelente taxista, Seu Radir, da amizade dos dois, que eram seus compadres. Apesar de eu não conhecer ainda o motorista, aceitei viajar com ele, para Porto de Galinhas.
Eles mesmos telefonaram para Seu Radir para que eu falasse com ele e o contratasse para a esperada viagem.
Acertados o preço e o horário, no sábado, às sete horas da manhã, estava o táxi de Seu Radir na porta do edifício em que moramos, para nos levar a Porto de Galinhas.
Muito educado, o motorista se desculpou porque o carro não era novo, mas o importante, para mim, é que ele tivesse experiência com estrada e fosse cuidadoso.
Colocamos a nossa bagagem na mala do veículo e nos sentamos no banco de trás, muito mal acomodadas, tendo entre nós uma grande ampola portando combustível (gás), o que nos assustou.
Não gostei de viajar ao lado dessa ampola de combustível. Tive medo que explodisse. Mas, diante das excelentes informações que nossos amigos nos tinham dado sobre o motorista, procurei me controlar e mudei meu pensamento para longe.
Iniciada a viagem, me benzi e fechei os olhos por alguns minutos, pedindo a Deus para que fizéssemos uma ótima viagem. Quando abri os olhos, estranhei a estrada que estávamos trafegando, pois o motorista não estava seguindo pela: BR 101.
Perguntei:
-Por que o Senhor não está indo pela BR. 101?
Muito calmo, o motorista respondeu que estava indo pela estrada certa e tinha muita experiência em viagens. Disse que o caminho certo para GALINHOS, perto de Macau (RN), era o que ele estava fazendo.
Fiquei gelada de raiva.
Perguntei o que tinha a ver Porto de Galinhas em Pernambuco, com Galinhos (RN).
O homem mudou de cor. Havia confundido os dois lugares e já estava perto de Galinhos.
Pedi imediatamente para voltar a Natal, para eu contratar um outro motorista que nos levasse a Porto de Galinhas.
O taxista chorou e garantiu que já tinha ido diversas vezes a Porto de Galinhas. Apenas, dessa vez, sem quê nem porquê, tinha se equivocado, e entendeu que a nossa viagem seria para Galinhos (RN).
Fiquei furiosa e pedi para voltar para Natal, pois o trato que eu tinha feito com ele era para nos levar a Porto de Galinhas, em Pernambuco, para a abertura do Congresso de Procuradores de Estado, que aconteceria à noite.
Ao ver o equívoco que havia cometido, o motorista implorou para que eu o desculpasse e permitisse que ele retornasse e seguisse viagem para Porto de Galinhas. Tinha se enganado ao dizer que o preço seria R200, pois pensava que era para Galinhos. Mas diante disso, disse que cobraria a viagem para Porto de Galinhas como se fosse para Recife ( R 500, 00). Para Porto de Galinhas, seria mais caro. (R 800,00)
Como eu já tinha pago com antecedência o hotel e a Inscrição, concordei em continuar a viagem com o mesmo taxista, apesar da precariedade do carro (Corsa Classic), para uma viagem tão longa.
Superado o problema do equívoco, prosseguimos viagem para Porto de Galinhas, o que durou oito horas.
Depois de duas horas de viagem, pedi ao motorista que, por gentileza, ligasse o som do carro e pusesse o CD novo de Chico Buarque que eu levava na bolsa. Ele suspirou e respondeu:
“Como seria bom que isso fosse um som, meu Deus! Mas, de som, só tem a tampa! E continuou:
-Esse carro (Corsa Classic) faz parte da “frota” de táxis de um conhecido vereador de Natal, e faz dois anos que o som quebrou-se. Ele diz ter levado o som para consertar, e até hoje não trouxe de volta.
Resultado: Fomos de Natal a Porto de Galinhas, sem, ao menos, um rádio para nos distrair, e com um precário ar condicionado.
Ainda bem que o encontro de Procuradores e o Congresso foram uma maravilha, e o show de encerramento com Alceu Valença compensou a viagem.
Como “castigo”, o tal vereador de Natal, dono da frota de táxis, nunca mais conseguiu se reeleger. Ainda se candidatou este ano (2024), mas obteve pouquíssimos votos.
Na terça feira, o mesmo motorista foi nos buscar em Porto de Galinhas, no mesmo carro, chegando ao hotel, pontualmente, às 7 horas da manhã, conforme o ajustado. Voltamos no mesmo desconforto, num calor tremendo, com um ar condicionado precário, e em silêncio total.
Como não gosto de tirar proveito da miséria alheia, paguei ao taxista o preço normal para Porto de Galinhas e ainda lhe dei uma boa gratificação, por ele ter dirigido com cuidado e termos chegado sãs e salvas a Natal, como ele também.
Violante Pimentel – Escritora