A reitoria da Unicamp publicou uma nota na quinta-feira (9) em que diz que as manifestações de apoio ao uso da cloroquina ou da hidroxicloroquina contra a Covid-19 – a doença causada pelo novo coronavírus – “se baseiam em evidências frágeis”, e não em investigações sólidas e fundamentadas em ensaios clínicos controlados.
Até quinta-feira, a Secretaria de Saúde em Campinas (SP) registrou 99 casos confirmados da doença, incluindo cinco mortes, e contabiliza outros 984 registros suspeitos.
O reitor da Unicamp, Marcelo Knobel destacou nessa sexta-feira (10) a importância da universidade se posicionar em relação à questão da cloroquina, e ressaltou que não é uma nota de cunho político.
Segundo ele, há pesquisas na universidade em estágio inicial sobre a cloroquina e a hidroxicloroquina no contexto da Covid-19.
“É uma nota da reitoria e relata simplesmente uma questão cientifica de que não há comprovação cientifica com relação a isso. Se os pesquisadores quiserem se manifestar, têm toda a liberdade acadêmica para faze-lo. Temos que seguir o que a comunidade médica e científica no mundo inteiro está relatando”, afirma Knobel.
A nota da Unicamp não cita o presidente da república Jair Bolsonaro, que em pronunciamento realizado nesta semana defendeu o uso da cloroquina no tratamento, apesar da falta de consenso na comunidade cientifica.
Além disso, o prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), anunciou que os hospitais municipais da capital paulista vão passar a utilizar a cloroquina no tratamento de pacientes infectados pela Covid-19.
Em outro trecho, a Unicamp faz referência a editorial da publicação científica British Medical Journal, onde é mencionado que o uso da cloroquina e derivados nos tratamento de casos do novo coronavírus é “prematuro e potencialmente prejudicial devido a efeitos colaterais” conhecidos pelos médicos.
“Medicamentos como a HCQ [hidroxicloroquina] têm efetivamente sido usados para pacientes portadores de malária ou doenças autoimunes. No momento, a cloroquina e seus derivados podem ser empregados em situações controladas para essas enfermidades, em pacientes internados sob supervisão médica restrita e intensiva. Não há, portanto, indicação formal dos mais respeitados órgãos de saúde pública do Brasil e do exterior para o uso profilático ou doméstico desses fármacos sem a estrita supervisão, responsabilidade médica e concordância explícita dos pacientes”, destaca.
A universidade estadual, ao salientar que ouviu especialistas na área, de dentro e de fora da instituição, destaca que reforça as recomendações dos órgãos sanitários e da comunidade médico-científica mundial de que não há, até o momento, evidência científica suficiente baseada em ensaios clínicos com humanos sobre a eficácia desses medicamentos.
Além disso, a reitoria afiram que reitera compromisso com a ética e a ciência na busca por soluções para adequado acolhimento do paciente, diagnóstico preciso e terapêutico para minimizar efeitos da pandemia.
Fonte: G1
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