Os eurodeputados votaram nesta quinta-feira (18) a favor de um segundo mandato de cinco anos para Ursula von der Leyen como presidente da Comissão Europeia, o braço Executivo dos 27 países da União Europeia.
Após votação secreta, a alemã de 65 anos obteve 401 votos a favor, 284 contra, 15 abstenções e sete votos nulos, muito acima da maioria absoluta que precisava. Em 2019, ela tornou-se a primeira mulher a presidir o Executivo europeu.
Sua reeleição era dada como certa após um acordo da bancada ambientalista do Parlamento Europeu, que manifestou seu apoio em troca de uma agenda de transição para uma economia verde.
A ex-ministra da Defesa da Alemanha se impôs em diversas crises desde que assumiu o Executivo europeu. Depois da pandemia de Covid-19, ela capitaneou um gigantesco plano de recuperação europeu financiado por dívida conjunta.
Após a invasão russa da Ucrânia, Von der Leyen mostrou o seu apoio a Kiev e definiu uma estratégia para escapar da dependência energética da Rússia.
A presidente da Comissão aspira ser uma garantia de estabilidade diante das disputas comerciais com a China, do possível retorno de Donald Trump à Casa Branca e das guerras na Ucrânia e no Oriente Médio.
Nesta quinta-feira, em um discurso em inglês, alemão e francês antes da votação, ela definiu como prioridades o aumento da concorrência e o fortalecimento dos investimentos em indústrias-chave e de defesa.
Também defendeu “uma Europa forte” em um “período de grande ansiedade e incerteza” diante de “demagogos e extremistas que destroem o nosso modo de vida europeu”.
Outra conquista do seu primeiro mandato foi o ambicioso Pacto Verde, ainda em curso, para descarbonizar a indústria e o transporte e que alguns acusam de impor muitas obrigações às empresas e aos agricultores.
Nesta quinta-feira, definiu como meta para 2040 uma redução líquida de 90% nas emissões para combater a mudança climática. Prometeu também um “plano de habitação acessível” para casas precárias com, pela primeira vez, um comissário específico dedicado ao assunto.
Em nome da “competitividade”, prometeu reforçar os investimentos em indústrias-chave e apelou à “neutralidade tecnológica” para não desqualificar a energia nuclear.
Von der Leyen reafirmou também a sua defesa do uso de combustíveis sintéticos nos automóveis após 2035 e insistiu nos interesses dos agricultores, seguindo as exigências dos eurodeputados conservadores.
O primeiro-ministro trabalhista do Reino Unido, Keir Starmer, disse que espera “trabalhar em estreita colaboração” com Von der Leyen.
Após as eleições de junho, o Partido Popular Europeu (PPE, direita), do qual faz parte, Von der leyen continua tendo a maioria no Parlamento com 188 eurodeputados, ante 136 social-democratas (S&D) e 77 liberais (Renew Europe).
A grande coalizão destes três partidos foi suficiente para renovar o mandato de Von der Leyen, que, no entanto, incluiu nos seus planos o Pacto pelo Oceano exigido pelos eurodeputados ambientalistas.
“O nosso apoio não é um cheque em branco (…) a nossa preocupação com as questões sociais terá de se refletir em todas as políticas dos próximos cinco anos”, alertou a líder do grupo social-democrata, a socialista espanhola Iratxe García Pérez.
Von der Leyen também prometeu à Câmara fortalecer a Frontex, a agência da UE responsável pelas fronteiras, e triplicar o número de guardas de fronteira e costeiros.
Uma promessa dirigida ao PPE, mas também ao grupo de extrema direita Conservadores e Reformistas Europeus (ECR), do qual faz parte o partido Fratelli d’Italia da primeira-ministra italiana de extrema direita, Giorgia Meloni.
O outro grupo de extrema direita no Parlamento Europeu, Patriotas pela Europa, que reúne o Reagrupamento Nacional (RN) da França e o partido húngaro Fidesz do primeiro-ministro Viktor Orbán, relutante em apoiar a Ucrânia contra a invasão russa, provavelmente não fará parte da maioria parlamentar.
Nesta quinta-feira, Von der Leyen acusou Orbán de “fazer o jogo” do presidente russo, Vladimir Putin, com sua recente visita a Moscou para uma “suposta missão de paz”.
No seu discurso, propôs também a criação do chamado Escudo Europeu da Democracia. “A União precisa de uma estrutura própria dedicada à luta contra a manipulação de informação e a interferência estrangeira”, afirmou.
Von der Leyen, mãe de sete filhos, que já foi considerada uma possível sucessora de Angela Merkel na Alemanha, acabou por se estabelecer em Bruxelas, onde nasceu e foi criada.
Fonte: Agência Brasil
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