VALE-TUDO –

Em 1993, Tim Maia, lançou o álbum denominado “Vale Tudo”, contendo a música que intitulava o disco cuja letra proclamava: “Vale tudo/Vale o que quiser/Só não vale dançar homem com homem/Nem, mulher com mulher”

Na época causou sucesso a insinuação da canção, porque estava em plena expansão a liberação de pessoas de diferentes orientações sexuais e identidades de gêneros, englobadas pela atual sigla LGBTQIA+.

Em 1997, aconteceu a primeira Parada LGBT+ do Brasil, exaltando o tema “Somos muitos, estamos em várias profissões”. A partir de então começaram os casamentos de homem com homem e de mulher com mulher. Foi uma transição natural obrigando pessoas de condutas radicais aceitarem e conviverem com os novos tempos.

O preconceito ainda é grande, porém, as posturas são diametralmente diferenciadas das vistas em décadas atrás. Gostando ou não de lésbicas, gays, bissexuais, transgêneros, queer, intersexuais, assexuais e outros que engordam a sigla, o cidadão xenofóbico agora convive com o vale-tudo acobertado pelo rigor da lei.

A finalidade desse preâmbulo é chamar a atenção para o vale-tudo que tentam impingir ao nosso linguajar, contrariando o entendimento gramatical original. Argumentando ser o Português uma língua viva, progressistas criam vocábulos para substituir os que conceituam gêneros diferentes, como o pronome indefinido TODOS.

Quem melhor esclareceu a aberração foi a articulista e professora de letras, a mineira Cíntia Chagas, ao afirmar: “Falar boa noite a TODOS e a TODAS é um pleonasmo. Falar boa noite a TODES é uma imbecilidade”. Lembremos que TODOS engloba ambos os gêneros (masculino e feminino). Já TODES é, sim, uma excrescência gramatical.

A linguista vai além, quando diz estarem tentando criar um dialeto não binário e, que todo dialeto vive à margem da sociedade. E ainda: o não binário é o cidadão que não se identifica nem com o masculino nem com o feminino. Para tais pessoas não servem ELE ou ELA, preferem enquadrar ambos e a si próprias no TODES.

Sob o pretexto de inclusão, tal procedimento dos progressistas está excluindo pessoas portadoras de dislexia, complicando as suas dificuldades de aprendizado e de comunicação. Tal fanatismo assegura ser o português um idioma vivo, mas, segundo Cíntia: “Sim, o português é uma língua viva, mas as mudanças acontecem paulatinamente e de modo natural, não mediante imposições ideológicas de imbecis.”

A mineira conclui o seu pensamento de forma taxativa: “A palavra foi e sempre será o maior meio de dominação. Primeiro eles mudam o que nós falamos, depois o que nós pensamos e, por fim, o que nós fazemos.”

O que me impressiona nessa tentativa de desvirtuamento do idioma pátrio é o procedimento de pessoas esclarecidas, repetindo sem qualquer constrangimento o pleonasmo TODAS. Imagino como fica a cabeça do jovem ante tal disfunção gramatical, contrariando o que aprendeu nas aulas de Português.

Pelo andar da carruagem, não duvido que em breve apareça numa das redações do ENEM um tema do tipo: “Discorra sobre a importância do pronome TODES na simplificação do idioma Português, dando ênfase aos avanços obtidos no aprendizado e compreensão de nossa linguagem falada e escrita.”

É um vale-tudo demasiado para quem ainda respeita o idioma de Joaquim Maria Machado de Assis.

 

 

 

José Narcelio Marques Sousa –  Engenheiro civil

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