Antes de ser exonerado nessa sexta-feira (24), o agora ex-diretor-geral da Polícia Federal Maurício Valeixo conversou com colegas ao longo da semana sobre uma possível saída do cargo. Mas, segundo interlocutores ouvidos pela TV Globo, Valeixo nunca falou em “pedir demissão”.
Os superintendentes da PF que conversaram com Valeixo sobre o tema dizem ter ouvido, do então diretor-geral, que a troca de comando na corporação estaria sendo tratada entre o presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Justiça e Segurança, Sergio Moro – agora, ex-ministro.
Nessas conversas, Valeixo também relatou medidas contra a pandemia do coronavírus na PF. Sobre a saída do cargo, ele afirmou que conversou com Moro, no início deste ano, sobre do presidente para substituí-lo no comando da Polícia Federal desde 2010.
Nesse contexto, Valeixo disse a esses interlocutores que entendia ter “encerrado um ciclo”. E chegou a afirmar que, caso fosse necessário, poderia ajudar em uma eventual transição.
Sem pedido de demissão
Nas conversas relatadas à TV Globo, Mauricio Valeixo não disse ter pedido demissão. Questionado, ele relatou aos colegas que havia notícias sobre a troca de comando e que, de fato, esse assunto vinha sendo estudado pelo Palácio do Planalto.
Nessa conversa com superintendentes, Valeixo relatou que estava na alçada de Moro com Bolsonaro decidir sobre seu futuro. Delegados relataram que a conversa narrada por Valeixo foi um “desabafo”, sem conclusões sobre um pedido de saída, nem sobre o futuro do delegado na corporação.
Ao anunciar a própria demissão, nesta sexta, Sergio Moro afirmou que foi procurado por Valeixo para ouvir sobre esse “incômodo”. O ministro também negou que a exoneração do diretor-geral da PF tenha ocorrido a pedido de Valeixo, como consta na publicação no “Diário Oficial da União”.
“Há uma possibilidade que se afirma que o Mauricio Valeixo gostaria de sair. Mas isso não é totalmente verdadeiro. O ápice da carreira de qualquer policial federal, de todo delegado federal é a direção-geral da Polícia Federal, e entrou com uma missão.Claro que depois de tantas pressões para que ele saísse de fato, ele até manifestou a mim: ‘Talvez seja melhor eu sair pra diminuir essa cisma e nós conseguirmos realizarmos uma substituição adequada'”, relatou Moro.
“Ele sairia para alguma adidância, mas nunca isso voluntariamente, mas decorrente dessa pressão que, a meu ver não seria apropriada.”
Fonte: G1