VALORIZEMOS NOSSA HERANÇA CULTURAL –
Em futuro não muito distante, o Brasil será o mestre da arte de viver. Essa habilidade é o que o país possui de mais brasileiro e decorre da maravilhosa mistura de raças que interagem com a natureza. Privilegiamos a afetividade por sobre as técnicas e, até mesmo, acima do raciocínio. O brasileiro sente-se confortável em ser como é, integrado em nosso rico patrimônio cultural.
São evidentes os traumas vindos do nosso passado. A longa história da escravatura muito nos marca, suavizada, apenas, pela herança cultural da arte, do movimento harmônico do corpo, dos costumes e crenças, e pela alegria dos afro-brasileiros.
A maior riqueza de uma nação está no seu Patrimônio Cultural. Ele é a mola propulsora do desenvolvimento e da felicidade dos cidadãos.
Um pequeno país asiático, o Butão, contrapôs ao PIB outro índice, o F.I.B., Felicidade Interna Bruta, mais importante que o índice do Produto Interno Bruto. A revelação foi adotada pela ONU e é difundida por todos os seus membros.
O Brasil foi pioneiro, nas Américas, em criar uma entidade para cuidar do Patrimônio Histórico. O IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, destina-se a resgatar, preservar e valorizar, em toda sua dimensão, o Patrimônio Nacional, material e imaterial, histórico e paisagístico.
O patrimônio cultural comporta uma hierarquia de agentes. Pode ser particular, regional, nacional, ou da humanidade. O IPHAN tem difundido, nas organizações escolares, o sentimento do patrimônio cultural e dos valores superiores da cultura. É no lar e na escola que a valorização alcança o seu significado. Um meu neto, de 11 anos, já identifica ser emotiva propriedade minha, a coleção de pincéis, com que a minha mãe pintava quadros, além do seu dedal e as agulhas de crochê.
O IPHAN possui um Conselho Consultivo, que tem poderes decisórios, composto por treze membros, contando ainda com a participação de entidades culturais. Fui honrado com a escolha para integrá-lo. Tentarei somar à dedicação de pessoas tão qualificadas como a presidente Larissa Peixoto, o diretor Tassos Lycurgo e o superintendente regional Jorge Cláudio Machado. Tenho recebido estímulos múltiplos dos nossos conterrâneos. Careço de mais inspirações para cumprir a nobilitante tarefa.
Sabemos que a Fortaleza dos Reis Magos é patrimônio universal e, como tal, deve ser reconhecida pela Unesco. É a mais bem conservada antiga fortificação militar do país. É única erigida, dentro do mar, sob arrecifes. Mira a beleza inigualável do rio Potengi. Tem história singular e multiplicadora de ações cívicas. Dela partiram expedições para todo o norte do Brasil.
O ideal é que o pleito seja respaldado por estudo multidisciplinar dos pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
O patrimônio cultural é o que conforma a nossa identidade como nação. Zelar por ele é imprescindível para que possamos mostrar à comunidade universal o que somos e o que valemos.
Diogenes da Cunha Lima – Advogado, Poeta e Presidente da Academia de Letras do RN